Thiago Carpini é uma personalidade interessante. Tem o típico comportamento do boleiro e obcecado por estudo. Quer implantar conceitos modernos no Guarani apesar das limitações de elenco.
Mereceu criticas justas contra o Palmeiras pela ausência de um sistema de jogo defensivo mais rústico; diante do Água Santa, o controle de bola não se converteu em gols ou produtividade. Pior: o meio-campo demonstrou uma ausência de criatividade preocupante. Negou tal evidência na entrevista coletiva.
Existem diversos perfis de pessoas diante da crítica. Existem aqueles que admitem as falhas e trabalham para inverter o quadro; outras que ficam apenas no discurso. E algumas que fazem uma defesa enfática de seus conceitos, mas muito mais por defesa ou orgulho do que por qualquer outro motivo. Discretamente vão ao campo e fazem aquilo que deve ser feito. Carpini está enquadrado em tal estrada.
O confronto diante do Ituano foi prova cabal. O jogo começou com o velho toque de bola, o trabalho pelo lado esquerdo e o posicionamento de Giovanny quase como auxiliar de Thallyson. Algumas vezes, funcionava; outras não. Após a saída de Côrrea, Carpini fez uma pequena alteração que mudou a história do jogo: deixou Giovanny centralizado.
Consequência: o jovem atleta além de aproximar-se dos atacantes Junior Todinho e Rafael Costa, tinha a capacidade de compactar o setor juntamente com Deivid, Lucas Abreu e Eduardo Person. Passou a não só ganhar as disputas de bola, como a puxar o contra-ataque com qualidade. Os dois gols foram consequências diretas.
Longe de dizer que Giovanny é o novo Djalminha. Só que com seu posicionamento o técnico bugrino cria novas possibilidades. Não vai depender apenas do toque de bola e do erro do oponente. Pode atacar de modo mais verticalizado e com isso formar uma equipe interessante e talvez nem tão dependente de Bidu na lateral quando este encontrar-se recuperado.
Vaidade, arrogância e prepotência são atributos primários do futebol. Quando a humildade entra em campo, ganha de goleada. Porque o aprendizado é certo. Que Carpini aprenda.
(Elias Aredes Junior)
