Análise: como os sete pecados capitais contaminaram a diretoria da Ponte Preta no Brasileirão

10
3.065 views

Tudo parece sem nexo e sentido. Fora do lugar. Por vezes sem explicação. O torcedor, vítima deste processo maquiavélico, perde horas e segundos para entender o que aconteceu. Que caminhos errôneos trilhou a Ponte Preta? Por que o time vice-campeão paulista está ás portas de retornar á segunda divisão nacional? Como justificar a piora na qualidade dos jogadores, os problemas responsáveis em transformar dias ensolarados em nublados e em constante pesadelo?

Apelar ao divino é saída. Consultar as escrituras sagradas também. Não, nada de pregações e sim a revisão de um conceito: os sete pecados capitais. Poucos perceberam, mas eles entraram de modo sorrateiro no cotidiano da Alvinegra. Estão impregnados, grudados nos ternos bem cortados dos dirigentes. Confira, reflita e veja aquilo que acontece diante dos seus olhos:

Gula- Na sua definição simples, é o excesso de consumo de bebida e comida. Mas pode ser também a ânsia de consumir cada vez o alimento do poder. Nestes últimos 20 anos, ninguém teve mais gula de poder do que o atual grupo político presente no Majestoso. Seja no Conselho Deliberativo ou na diretoria executiva, a meta era saciar o apetite por espaço. E deixar a oposição morta de fome. Conseguiram? A eleição responderá.

Avareza- É o apego excessivo aos bens materiais. Na realidade pontepretana, traduza como a obsessão por resultados financeiros em detrimento do campo. Importa obter superávits, embalar transações milionárias e deixar o cofre do clube cheio. E o elenco? Nada de investimentos ambiciosos. Ué, e o elenco de 2016 com Roger, William Pottker, Felipe Azevedo e Clayson? Ninguém ganhou salário nababesco para o padrão do futebol. Deixar as contas em dia não é pecado. Pelo contrário. Mas pensar somente nos cifrões e nunca pensar nas carências do torcedor, aí o papo muda.

Lúxuria- Não é apenas o prazer sensual. O prazer em desfrutar das coisas materiais flerta com tal pecado capital. O que dizer então de uma diretoria que ama os luxos dos camarotes, os estofados do ar condicionado e deixa em segundo plano a luta e o suor oriundo da arquibancada? Um time de futebol é forjado no suor e na paixão. Os atuais dirigentes pontepretanos consideram que os canapés e champanhes dão resultados melhores. Difícil acreditar.

Ira- Os dirigentes pontepretanos não são irados. Mas produzem espiral de mágoa nos torcedores. Cansados de sofrer e de esperar por um título. Desgastados pela falta de perspectiva em competições como Copa Sul-Americana, Copa do Brasil e no Campeonato Paulista. Não tem jeito. Por maior que seja a paixão, sentimentos nada nobres invadem o coração. No Campeonato Brasileiro, a realidade é presente.

Inveja- Dizem que este é um pecado que ninguém confessa. Verdade. Ficamos apenas na suposição. Com boa chance de dar resultado. Afinal, será que a atual diretoria não tem inveja de outras equipes de menor porte como São Caetano, Santo André e Sport já terem sido campeões nos últimos 20 anos e a Macaca não ter sido capaz de tal feito? Bom tema para refletir. Ah, mas o time está no Brasileirão, argumentam seus defensores. É verdade. Mas também é verdadeira a constatação que seus concorrentes de mesmo porte estão em melhor situação, ou na infra-estrutura ou portifólio de conquistas. Duvido que a inveja não apareça.

Preguiça- Temos duas opções para este pecado. O primeiro diz respeito a aversão ao trabalho. A diretoria pontepretana não se encaixa. São empresários bem sucedidos, abastados de recursos e isso só pode ser obtido com trabalho e dedicação. Ponto. Existe  outra definição, quando a preguiça é associada ao estado de prostração, que é associada a imobilidade. Neste caso, sobram evidências. Faltou criatividade e sobrou imobilismo para a diretoria e o departamento de futebol para contratações melhores. Pergunto: será que o mercado da bola oferecia apenas Jadson e Naldo como volantes? E contratações para agradar a torcida? Por que sempre os mesmos nomes há anos são pensados como Renato Cajá e Fernando Bob? Não faltou um Plano B? Fica para você a resposta.

Soberba- É aquele que se considera superior a todos. Que considera-se acima do bem e do mal. Podemos errar no diagnóstico? Sim, é possível. Agora, porque essa atitude costumeira de não se dar satisfação a torcida? Por que os dirigentes só aparecem nas contratações e praticamente somem nas horas difíceis?Convenhamos: quase impossível pedir humildade para quem está no mesmo lugar há 20 anos. Os fatos e a permanência fazem tais pessoas acreditarem que são imprescindíveis. E acredite: você também cairia na mesma armadilha. Todos nós somos falhos e capitulamos diante de nossas fraquezas.

Dirigentes e leitores tem direito de discordar desta análise. Algo porém, é inequívoco: se alguém está na zona do rebaixamento algum erro cometeu. Pecados apenas deixam o fracasso nu aos olhos de todos.

(análise feita por Elias Aredes Junior)

10 Comentários

  1. Soberba define bem, a AAPP se achou a última bolacha do pacote, aqui mesmo no Só Derbi já teve torcedores que garantiram para mim que a AAPP era o melhor time administrado do país… Se iludiram por estarem há alguns anos a frente do Guarani e ser o 5° time do Estado.
    A respeito das eleições, guardadas as devidas proporções, o grupo atual do poder vai vencer pelo medo. O medo de que não terá um papai endinheirado quando o tempo das vacas magras chegar, pq vai chegar, afinal, a conta sempre chega…

  2. Algumas observações:
    – A arrogância é, disparado, o maior pecado da AAPP.
    – O Sport é um time maior que a AAPP. Inúmeras vezes campeão do seu estado, participou de libertadores, é campeão brasileiro e tem mais torcida.
    – A AAPP vai cair e vai ficar longos anos longe da Série A.

  3. Parabenizo você, Elias Aredes, pelo seu incansável trabalho em prol do futebol de Campinas. Desconheço alguém com tanta quantidade de postagens/artigos, e todos com qualidade.

  4. Profeta, você têm errado tudo que prevê, então pare com essas “profecias”, ninguém te leva a sério nisso (no resto, tudo bem, vejo que têm certa cultura e valores).

  5. Parabenizo você, Elias Aredes, pela sua luta incansável em prol dos times de Campinas. Desconheço quem publique tanta quantidade de posts/artigos, e todos com qualidade.

  6. Além dos pecados citados, a torcida ainda padece de um defeito grave: INGRATIDÃO.

    O homem que levou a Ponte a um patamar respeitável no cenário futebolístico, que tirou o clube da lama, que há duas décadas injeta uma grana violenta – e injetará sempre que necessário, e muito provavelmente nunca mais vai ver este dinheiro – não tem sequer reconhecimento por boa parte da torcida. Ao contrário, o criticam. Situação complicada a dele. Por questões monetárias, é de enorme interesse dele a permanência na Série A. Se a Ponte cair, ele não poderá beliscar algum dinheiro, em vez disso terá de colocar mais ainda se quiser um retorno rápido. Admiro muito o Carnielli por tudo isto que fez. Ele não merece a torcida que a Ponte tem. Se o Guarani tivesse alguém do naipe dele, ao menos eu agradeceria.

  7. Sinto desapontá-lo, Fabiano, mas Papai Noel não existe. Por 16 anos a torcida teve gratidão ao Carnielli, mas depois caiu a ficha. Ele já foi benigno para a Ponte, mas cedeu à tentação da perpetuidade no poder (como todos os tiranos) e agora é maligno. Segundo pessoas de dentro da Ponte, deu até ordens para não se classificar em algumas competições, para não ter de gastar em times melhores. E não há transparência sobre as contas! Há sim gravações de vídeo recentes onde ele diz que “não vão largar o osso”.