Análise Especial: Por que os zagueiros pontepretanos trocam passes infinitamente na defesa? O Só Dérbi responde para você

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Nos últimos jogos do Campeonato Paulista, um comportamento da equipe titular da Ponte Preta irrita profundamente o torcedor: a troca infinita de passes na defesa. São dois, três minutos em que Luizão, Rayan, Ruan Renato ou o lateral esquerdo de plantão ficam posicionados na mesma linha e girando a bola. Parece que sem função nenhuma. Aparentemente um expediente inútil.

Fui atrás de integrantes da Comissão Técnica para saber porque tal expediente é adotado. E qual o objetivo final. A explicação que virá a seguir é um resumo dos conceitos transmitidos a esse colunista.

A comissão técnica comandada por Fábio Moreno acredita que o caminho ideal para alcançar a vitória é valorizar a posse de bola e em um segundo momento aproveitar as virtudes de velocistas como Moisés e Apodi. Jogar verticalmente seria uma temeridade em virtude das características físicas da maioria dos jogadores do elenco,

Quando acontece essa troca de passes, a orientação é para que aconteça um movimento simultâneo dos jogadores encarregados de fustigar pelos lados do campo, seja Apodi ou Moisés. Simultaneamente, isso permitirá que se dê tempo para que os meio campistas se posicionem para receber a bola. Enquanto os jogadores não estiveram nas posições treinadas e em condições favoráveis, a bola não é designada ao campo de ataque.

O conceito faz sentido se assistirmos novamente aos jogos da Ponte Preta. Perceba como no início do jogo dificilmente a jogada é feita a partir do toque de bola. Um lançamento mais longo para trabalhar esta bola pelo lado do campo. Caso a estratégia não dê certo, a determinação é que o time tentará agrida por intermédio de Camilo ou Vinicius Locatelli.

Admito que esses movimentos treinados e ensaiados a partir da saída defensiva são difíceis de serem detectados a partir das transmissões pela televisão. Não existe o registro em boa parte do tempo de uma imagem mais ampla, que mostre o posicionamento no gramado.

Apesar de o conceito nutrir sentido e coerência, ainda existem pontos a serem aprimorados. O principal é que na maior parte do jogo, a compactação deixa a desejar. Time espaçado entre os setores e que por vezes dificulta até a execução dos movimentos treinados. Exemplo prático: quando ocorre a troca de passes e o lançamento é direcionado para Apodi ou Moisés eles geralmente estão sozinhos, sem companhia, seja para fazer triangulações ou para oferecer um plano B. Aproximação entre os armadores também é salutar. Na hora que eles receberem esse passe, se estiverem próximos, a jogada poderá fluir. Caso contrário, não vai restar outra saída senão a de tocar a bola e irritar o torcedor.

Ou seja, Fabio Moreno tem a intenção de fazer uma equipe cujo o pilar é a valorização da posse de bola. Nem que para isso seja necessário os zagueiros permanecerem com a bola indefinidamente. Tal estratégia precisa de ajustes e correções. E jogadores de qualidade na sua execução. Sem isso, nada vai avançar e sair do lugar.

(Análise de autoria de Elias Aredes Junior)