Análise: Ponte e Guarani têm os mesmos sintomas, mas faltam soluções médicas

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Os problemas são os mesmos e as soluções idem. A única diferença que separa o cenário atual de Ponte Preta e Guarani é a Avenida Ayrton Senna da Silva e nada mais.

Os dois times trazem a sensação de que qualquer série de invencibilidade na Série B do Campeonato Brasileiro é capaz de se credenciar ao acesso. Embora o nível técnico da segunda divisão seja o pior dos últimos anos, o G4 vai, atualmente, muito além dos que os campineiros podem alcançar na temporada.

João Brigatti e Umberto Louzer recebem críticas a cada derrota. Um é ídolo da torcida por conta dos serviços prestados na época de jogador. O outro teve competência para tirar o clube do marasmo da Série A2 do Campeonato Paulista e projetar novo horizonte nos próximos meses. Essas vantagens, porém, não são suficientes para se tornarem incontestáveis no comando técnico mesmo tirando leite de pedra.

Seja Macaca ou Bugre, nenhum tem elenco para alcançar a elite nacional. No máximo, para brigar no meio da tabela entre altos e baixos. Em um torneio de 38 rodadas, lesões, suspensões, negociações e viagens cansativas, peças de reposição são fundamentais, além de equilíbrio entre os setores e criatividade no mercado, algo ainda distante de Moisés Lucarelli e Brinco de Ouro da Princesa.

Qual o remédio? Intensificar as caças no mercado, apesar das dificuldades financeiras, Quando os cofres estão vazios, os responsáveis pelo Departamento de Futebol têm de mostrar criatividade e talento de persuasão junto aos empresários. Não sobram motivos. O principal deles: atuar em Campinas significa estar na vitrine do futebol brasileiro e boa trajetória pode abrir portar em clubes da capital.

A ineficiência dos homens do futebol, sempre com o mesmo discurso, preocupa bastante. Quais os critérios seguidos em cada contratação? Por que os adversários conseguem contratar bons atletas e os clubes daqui não? Por que Marcelo Barbarotti e Luciano Dias não vão a público para dar esclarecimento se há – e como andam – as negociações?

Olhar para o banco de reservas e não ter nenhum nome que empolgue deixa o técnico pontepretano de cabelo em pé. E com razão. Aliás, é sempre muito complicado depender de Felipe Saraiva, Lucas Mineiro, Murilo Henrique e Neto Costa para mudar o jogo. O carequinha Louzer, no Guarani, deve ser preocupar quando precisa de Erik e Rondinelly, importantes no Estadual, para retomarem o bom futebol e ter contribuição efetiva em campo. Pior ainda quando tem de escalar Edson Silva e Éverton Alemão juntos, a zaga de pior aproveitamento na Série B.

Se Ponte Preta e Guarani fossem submetidos a um processo de personificação, no qual a figura da instituição esportiva se transformasse em ser humano, poderiam ser caracterizados como doentes em situação instável. Afinal, a breve recuperação nos pontos corridos causou alvoroço nos corredores dos hospitais, mas a queda dos batimentos cardíacos recente têm sido capazes de colocar tudo em xeque.

Se nada for feito imediatamente, o ano de 2019 reserva mais dois dérbis em competições nacionais. E novamente na doída segunda divisão.

(análise: Lucas Rossafa/foto: Fábio Leoni – Ponte Press)