Análise Ponte Preta: Bota o Saraiva, Kleina! Quem vai puxar o coro?

4
1.088 views

No início da década de 1980, Jô Soares era um dos principais humoristas do Brasil e no seu programa na Rede Globo, ele tinha um quadro com o personagem Zé da Galera.

Com um cigarrinho fino, bigodinho preto e uma fala exaltada, Jô simulava um telefonema ao então técnico da Seleção Brasileira, Telê Santana.

Sua reivindicação era ignorar o esquema tático com armadores flutuantes (Sócrates, Zico, Falção e até Eder) e escalasse um genuína ponta para buscar a linha de fundo. O bordão resumia tudo: “Bota ponta Telê!”.

Inevitável esquecer da frase diante da comoção da torcida da Ponte Preta pela escalação do atacante Saraiva. Jovem, rápido e corajoso para tentar o drible e o chute de média e longa distância, o jogador caiu nas graças da torcida pontepretana.

Não considere Saraiva um novo extraclasse ou candidato a Seleção Brasileira. Nada disso. É um atleta ainda com várias características a serem trabalhadas e com uma estrutura física que fica difícil imaginá-lo com ritmo para suportar os 90 minutos e os trancos dos beques adversários.

Se existem tantos problemas, porque o jogador caiu nas graças da torcida? A resposta é mais simples do que parece.

Quando um time entra em campo, a vitória é fundamental, mas não basta.

Quem está arquibancada quer sonhar, vislumbrar dias melhores e ver lances que lhe incentivem a retornar. Apesar das vitórias, o que se vê na Ponte Preta? Um time pragmático, posicionado na defesa, em busca do contra-ataque e designado a trabalhar a marcação para construir suas vitórias.

Lampejos? As jogadas de Emerson Sheik e Lucca. Como o segundo encontra-se em má fase técnica, a torcida pontepretana aposta que o garoto não só pode auxiliar como proporcionar um pouco de magia no futebol pobre da Macaca.

Respeito as opções de Gilson Kleina e sua resolução de atuar como uma equipe reativa, em que a proposição de jogo não é prioritária. No entanto, ele deveria saber que toda escolha gera consequência.

Neste caso, o fruto colhido é contrariedade das arquibancadas e o clamor por um jogador que em situação normal sua titularidade seria construída aos poucos. No futebol o futuro é para ontem. Assim, não será difícil ouvir qualquer dia a frase: “Bota o Saraiva, Kleina!”.

(texto e reportagem: Elias Aredes Junior)

4 Comentários

  1. Sabemos que a AAPP e o Guarani representam duas escolas do futebol campineiro. Na maioria das vezes, a AAPP foi um time defensivo, que jogava pelo contra-ataque. O Guarani, entretanto, sempre teve a vocação ofensiva e priorizava a técnica.

    O Kleina, portanto, está certo. Está jogando de acordo com o identidade história da AAPP. Apesar de ser bugrino, reconheço que a AAPP merece respeito, pois carrega o título importante de time mais antigo em atividade no Brasil.

  2. Para ser justo com o SC Rio Grande, o certo seria, para a Ponte Preta: “time mais antigo em atividade ininterrupta no Brasil”

  3. Ficaria melhor assim, Profeta “carrega o título importante de time mais antigo em atividade em Campinas, mesmo que tendo interrompido temporariamente, por força da FIFA, suas atividades de futebol (mesmo amadora) no ano de 1996”.