Análise: por que os arrogantes são idolatrados no futebol?

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O futebol é estranho. Esquisito. Fatos que na vida em sociedade temos abominação parece ser demasiadamente valorizado no futebol.  No nosso dia a dia, gostamos e queremos conviver com pessoas humildes,  que sejam vencedoras e que tenham uma história para contar. Roberto Carlos é em boa parte um exemplo acabado de tal modelo.

O fato é que o futebol é inebriado pelas pessoas arrogantes e prepotentes. Resultados são justificativas para pisar em repórteres, humilhar profissionais do clube em público e impor uma personalidade destrutiva no dia a dia.

Não vou citar nomes porque vira e mexe aparecem defensores destes profissionais. Considero que o futebol é uma extensão da vida em sociedade. Se não aceito conviver ou partilhar fatos com quem vive de nariz empinado porque no futebol devo abrir exceção? Não, não dá para aceitar.

E que ninguém venha dizer que humildade e pé no chão não traz dividendos no mundo da bola. Carlos Alberto Parreira foi vitima de um massacre em 1994 nunca visto. Aguentou de maneira serena e sem entrar em conflito com ninguém. Taça conquistada, um repórter lhe pergunta se tinha algo a dizer aos seus detratores: “Nada. Eu sou campeão do mundo”.

Humildade vista em Andrade, que assumiu um time desacreditado em 2009 e levou o Flamengo a conquista do campeonato. Paulo Autuori, campeão pelo Cruzeiro e São Paulo pela Libertadores e detentor de um título mundial de clubes é um dos caras que você para e ouve. Especialmente porque é uma pessoa centrada, sem afetações ou prepotência.

O futebol campineiro é prova disso. Se Gilson Kleina ainda tem sustentáculo no dia a dia da Ponte Preta é por causa de sua postura em que se coloca no mesmo patamar do interlocutor, seja do faxineiro ou do presidente. Thiago Carpini, por sua vez, adotou a simplicidade como norma e angariou conexão com os jogadores, dirigentes e arquibancadas.

Conquistas são saborosas. Eternizam para a história. O  verdadeiro homem é aquele com capacidade de nutrir empatia pelo outro, saber repartir o protagonismo e ser humilde suficiente para aprender e entender que ninguém é proprietário absoluto do saber. Seja no gabinete ou no gramado. Se todos entendessem isso o futebol seria muito melhor.

(Elias Aredes Junior)