Antes do dérbi, Campinas vira praça de guerra. Quando a violência no futebol será combatida com profissionalismo e planejamento?

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Campinas virou uma praça de guerra na noite de segunda-feira. Torcedores de Ponte Preta e Guarani entraram em confronto e os fogos de artificio viraram armas letais. Até o fechamento deste texto ninguém ficou ferido. Poderia utilizar estas mal traçadas linhas para desancar os torcedores organizados e os seus atos violentos. Não há como defendê-los. Impossível.

Mas uma análise mais pormenorizada deixa a gente com uma conclusão : a incompetência de dirigentes e do poder público abriu espaço para este espetáculo deprimente.

Antes de utilizar o teclado para babar de ódio e ser irracional pense um pouco. Vivemos uma época de pandemia. Os jogos não tem presença de público. E se tivéssemos público só a torcida pontepretano poderia comparecer ao Majestoso.

Isso abre espaço para os confrontos fora dos limites dos estádios. Ou como diria o professor Mauricio Murad: “Jogo com Torcida Ùnica é silêncio de cemitério”. Se o público não pode comparecer um fato é inequívoco: a rivalidade vai aflorar de alguma maneira.

A providência inicial seria reforçar o policiamento de todas as formas para evitar os confrontos mesmo nas épocas. Se as diretorias fossem maduras deveriam marcar treinamentos em horários diferentes para que a saída das delegações ocorresse longe dos holofotes das duas torcidas. São medidas banais, simples e que já poderia ajudar a bloquear os acontecimentos. Usar frases clichês como “todos são bandidos”, “marginais” é uma escapadela fácil para quem não quer resolver o problema. Ou empurrar com a barreira.

O que precisa acontecer para a realização de um cadastro rígido com componentes de todos os torcedores e a fiscalização da porcentagem dos 5% de torcedores vândalos como já comprovado em pesquisa por Mauricio Murad.

Qual a saída? Planejamento. Perguntas objetivas: quantas reuniões foram realizadas entre Prefeitura e dos dirigentes de Ponte Preta e Guarani para analisar as questões de segurança ou a tomada de decisões para evitar a ação dos vândalos? A CBF tem conhecimento da rivalidade exacerbada das duas equipes? Foi integrada para resolver a questão?

Marcar o jogo em outro lugar? Bobagem. Quem está disposto a abraçar a violência adota de qualquer jeito. Passou da hora de deixar os discursinhos vazios, utilizar os exemplos existentes na Europa e em outros locais do Brasil e combater para valer o problema. Separar o joio do trigo. Antes que seja tarde demais. Se já não é.

(Elias Aredes Junior)