Artigo Especial: Torcedores e Imprensa de Campinas. Uma relação conturbada. Por João Lucas Dionísio

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Cresci em uma família pontepretana. Aos 7 meses de vida, por exemplo, fui levado ao Moisés Lucarelli, para assistir a Ponte Preta jogar, em 1997. Foi o momento chave do amor pelo clube, que é impossível e desumano esconder. Faz mal pra cabeça.

Durante a infância e adolescência, cresci ouvindo a Bandeirantes de Campinas, com Batista, Valdemir Gomes, José Arnaldo, Edu Pinheiro, Aranha, Marcos Luiz, Fábio Madeira, Adriana Almeida, Brenno Beretta, Paulo Do Valle, Vinicius Bueno, entre tantos outros. Muitos que eu citei, foram para a Globo ou emissoras de São Paulo.

Por ironia do destino, comecei a alimentar o meu sonho pelo rádio, principalmente escutando os detalhes de cada gol, a saga das viagens, o balanço esportivo com o Edu e os programas diários. Era prazeroso.

Chegou a tecnologia da internet, pude conhecer e me encantar por Rádio Gaúcha, Band B, Transamérica, Guaíba, Atlântida, entre outras. Serviram de escola e inspiração, assim como a Bandeirantes de Campinas.

Eu sempre fui torcedor fanático. Viajava para onde dava. Não tinha tempo ruim. Era caravana para Porto Alegre num sábado, na quarta-feira jogo no Majestoso, no domingo era caravana para o Rio de Janeiro. Todas com as organizadas.

Aprendi muito com esse período de vida. Conheci pessoas e fiz amigos. Vivi uma torcida organizada. Fui para diversos estados do Brasil, encarei a viagem para Buenos Aires de ônibus e depois cansei. Queria focar na carreira.

Tive a oportunidade de fundar uma webradio, com um amigo meu, o Danley, onde criamos a Macacada Reunida. Meu ponto de partida para o jornalismo. Ali decidi o que queria: trabalhar na busca de informações, sem ter que agradar A ou B.

Fui para a Central, após uma passagem curta pelo Futebol Interior e, de cara, minha missão era ser setorista no Guarani F.C. Para quem acreditava que eu não sobreviveria, fiquei 1 ano, viajei, fiz amigos que levo pra vida toda e foi um ótimo período. Adorei trabalhar lá. Fui para a Ponte Preta, também pela Central, mas fiquei pouco tempo, por problemas pessoais.

Dito tudo isso, afirmo: críticas são necessárias. O que ocorre, na minha visão, é uma perseguição para com alguns jornalistas. Nada do que eles postam é considerado bom. Tudo é motivo para tentar desmerecer o trabalho.

Temos, em Campinas, quatro rádios que realizam o trabalho da cobertura esportiva: Central, Bandeirantes, CBN e Brasil. Além da Esportes Online, que é via internet.

Garanto que ninguém dessas rádios está brincando de rádio. Todos tem o mínimo de sabedoria. Não é fácil tocar uma equipe de esportes. E não é fácil MESMO ser jornalista. Nossa profissão não requer um agrado ao lado A ou B. Requer a cobertura de fatos. Notícias.

No âmbito de cobertura esportiva, no eixo Rio-São Paulo, a Bandeirantes de Campinas é uma das únicas, se não a única, dos Estados, que transmite todos os jogos de Ponte Preta e Guarani, no Brasil todo, com pelo menos o repórter no local da partida. Independentemente da cidade onde o time vai jogar. É a busca pela informação. Primordial. Vive criando novos quadros de participação do ouvinte, site com informações, programação de 3 horas diárias sobre os clubes e uma equipe que merece, no mínimo, respeito.

Temos ótimos profissionais na imprensa esportiva de Campinas. Eu acredito. Críticas são sempre válidas e necessárias, apesar de incomodarem. Não é errado criticar, desde que tenha argumentos plausíveis e que acompanhe o trabalho.

Se faz necessário uma reflexão. Pois parece que nada aqui presta alguma coisa, mas vivem revelando inúmeros jornalistas para São Paulo e Brasil, como: Vinicius Bueno, Felipe Diniz, André Aranha, Fábio Madeira, Brenno Bereta, entre outros.

O que me preocupa é a tara de alguns por pessoas que NÃO são jornalistas, mas reprodutores do que a assessoria dos clubes falam. Não faz leitura de jogo, não critica, não pergunta, não debate e fecham os olhos para alguns problemas.

Ora, a crítica é muito válida, mas não concordarei com ditadura. Deve-se haver o respeito das opiniões contrárias.

Por vezes, acho que algumas colocações são injustas e descabidas. Fazer o que, né?

(Artigo escrito por João Lucas Dionísio, jornalista-Especial para o Só Dérbi)