Cambistas, Sócio Torcedor, venda por internet sem uso total e filas : a Ponte Preta precisa melhorar (muito!) sua organização nos grandes jogos

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As cenas foram rotineiras. E se constituíram em combustível para revolta. Filas e mais filas para comprar um ingresso de Ponte Preta e Palmeiras. O estádio terá lotação máxima, mas muitos pontepretanos serão submetidos a humilhação de adquirir entradas de cambistas. Tamanha confusão poderia ter sido evitada. Não adianta culpar o torcedor por ele não ter sido adesista do programa de Sócio Torcedor ou ter submetido ao mercado ilegal. Venda de entradas é uma operação cuja  prerrogativa é do mandante do jogo, no caso a Ponte Preta. Ou seja, a diretoria peca e falha neste requisito.

Vender ingressos em bilheteria é algo ultrapassado e sem sentido. Os principais eventos do setor de entretenimento são dotados de ampla participação da internet. Você entra no site do organizador, faz o cadastro, escolhe o módulo de pagamento e recolhe o comprovante do ingresso. Em jogos com proximidade de data, o bilhete pode ser impresso e posteriormente entregue no dia. Não convence a história de que tal metodologia não daria certo porque os torcedores pontepretanos de baixa renda não tem acesso a internet e sem cartão de crédito ou débito ficaria difícil sacramentar a operação. Balela.

O Brasil, de acordo com a própria Anatel conta com 242 milhões de linhas de telefone celular. Boa parte nas mãos das classes C,D e E. E todos com acesso a internet. Falta de cartão de débito ou crédito? Também não convence. Há diversos sites com um sistema em que a pessoa faz o cadastro e deposita determinada quantia em dinheiro em uma digamos conta virtual. Quando quiser realizar uma compra basta fazer a opção de pagamento por esse site ou sistema e o valor é descontado da “conta” com o dinheiro previamente depositado. A diretoria afirma que parte dos ingressos já é vendido por internet. O que resolveria seria vender tudo por esta modalidade, o que automaticamente inibiria a ação dos cambistas.

Você pode argumentar ainda que o torcedor pontepretano é culpado porque poderia participar do programa de Sócio Torcedor. Não aceito totalmente o argumento. E por um motivo: a falta de esclarecimento em relação a situação dos dependentes. Existem planos de R$ 60 com acesso garantido, de R$ 30 mensais com desconto na entrada e de R$ 12 com acesso as entradas disponíveis. Bem, para começar o plano popular ficou prejudicado diante da procura para o confronto com o Palmeiras. Nos outros planos até concordo que chega a ser vantagem se a pessoa é solteira.

O que fazer para quem é líder de família? Com dois filhos e a esposa, se quiser assegurar a entrada as mensalidades no total será de até R$ 240 mensais. Pense no salário mínimo de R$ 934 e confira como o programa é elitista. Até porque o plano popular em jogos de grande apelo fica altamente prejudicado. Sim, algumas modalidades de planos permitem sazonalmente a entrada de um acompanhante.

E se família for extensa com cinco ou seis pessoas? Diante disso, considero que seria mais salutar um esclarecimento cabal sobre a figura do dependente, com descontos progressivos. Ou se cobra mensalidade sem a possibilidade de dependente mas que pelo menos permitisse ao sócio torcedor votar nas eleições do clube, como já fazem Internacional e Fluminense.

Poderia enumerar mais problemas, mas posso encerrar com um conceito. Clube apresentar superávit e investir em melhorias na sua infra-estrutura e no atendimento ao torcedor é sinal de maturidade administrativa. Superávit sem melhoria ao torcedor e a agremiação é apenas brincar de Tio Patinhas. Enquanto isso, o torcedor faz o papel deplorável de Pateta.

(análise feita por Elias Aredes Junior)