Carta Aberta ao torcedor do Guarani Futebol Clube

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Campinas, 18 de outubro de 2017

Olá? Tudo bem? Calma, calma. Não fique bravo. Não vou caçoar. Nem dirigir impropérios. Vou propor um bate papo, uma conversa, troca de ideias. Se você quiser chamar de debate, fique a vontade. O tema? O Guarani Futebol Clube.

Acredito que neste seu clube do coração falta isso. Falar a verdade. Encarar a realidade. Ter a humildade de reconhecer a necessidade de trabalhar de modo incessante para voltar aos velhos tempos.

Reconheço: bons tempos. Uma época com revelações de jogadores talentosos e habilidosos, como Renato, Careca, Amoroso, Luisão. Ou uma camisa utilizada para abrir espaço a figuras , jogadores emergentes como os armadores Djalminha, Zenon, Edu Lima, Jorge Mendonça. Gente que veio de fora viu e venceu. E como venceu! Campeonato Brasileiro de 1978, Taça de Prata de 1981, participações em Copa Libertadores. Pois é. Duro é constatar algo doido: já passou. Está nos replay´s do You Tube.  Não há como colocar uma máquina do tempo e reviver.

E com todo o respeito quero lhe colocar algo. Olhe para o lado e veja que o seu companheiro considera que isto vai voltar. E não vai. Neste atual estado, esqueça.

Rebaixamentos, humilhações no gramado, destruição do patrimônio erguido após anos e anos de luta, jogadores limitados, dirigentes incompetentes  e seu companheiro insiste: anda de cabeça erguida, orgulhoso pelo centro de Campinas e não tem pudor em tirar sarro do rival.

Com todo o respeito eu pergunto: para que? Desculpe, mas não dá para fingir. O Guarani tem uma história linda, maravilhosa, mas sua fase nos gramados é de doer. Produz uma vergonha atrás da outra.

Não vou culpar apenas os dirigentes. Lógico, eles são incompetentes. Ambiciosos sem medidas e tomam medidas temerárias. Só que como mudar se a cada dia o quadro de associados murcha a olhos vistos? Como querer reviver os anos dourados se existem sócios dentro da própria estrutura do clube sequiosos muito mais em querer agradar os frequentadores do “queijo” (apelido dado ao prédio administrativo do Estadio Brinco de Ouro) do que em exigir melhorias?

Não dá para disfarçar: um espetinho de carne e uma lata de cerveja são suficientes para decretar-se o silencio de alguns.Não queira fugir: quem está fora é tão ou mais culpado de quem está inserido no dia a dia do clube. E por um pecado inenarrável: a omissão.

Outros torcedores já me procuraram e disseram que estão cansados. Não querem mais torcer pelo Guarani ou vão abandoná-lo em virtude dos resultados dos  últimos anos. Vem cá. Pense comigo: amor produz cansaço? Paixão apaga-se? Balela. Nada disso. O que acontece é simples como água: o Guarani antigamente era aquela esposa ou esposa como uma beleza escultural, com disposição. De repente, uma doença terrível lhe acometeu e sua decisão não foi a de ficar do lado no leito do hospital, e sim abandonar o paciente a própria sorte. Porque você não gosta dos médicos. Sendo que você se estivesse inserido no processo, poderia muito bem até pedir a troca do profissional. Até acertar o tratamento correto.

Novamente o paciente dá sinais de querer vacilar. Mostrou saúde e vigor no inicio e parecia querer ganhar alta do hospital da Série B e viver a vida na divisão de elite. Tudo deu errado. O medo de reviver a guerra da terceirona paralisa a todos. E o que o Guarani recebe como resposta?  Em um jogo decisivo contra o ABC somente 2633 pessoas presenciaram o empate por 1 a 1.  Veja os públicos de equipes de massa quando estão no sufoco da queda e veja que o desempenho deixa muito a desejar.

Sim, eu reconheço que você sofreu. Muito. Demais. Está machucado. Ferido na alma.  Mas quando somos passados para trás pelo destino temos dificuldades de encarar nossos entraves.

O Guarani é grande. Gigante. Só que ele só vai começar a melhorar, a vislumbrar dias melhores, se vocês, que têm consciência, pé no chão e sabedoria alertarem e retirarem de uma parte da torcida bugrina características que não combinam com os tempos atuais: empáfia, arrogância, autoconvencimento, desprezo pelo oponente, seja quem for.

A reconstrução não começa apenas com engenheiros e arquitetos eficientes. Sem pedreiros humildes, dedicados não há obra que prospere. E desses que o Guarani precisa. No gramado e na arquibancada.

 

Com respeito

 

Elias Aredes Junior

4 Comentários

  1. A falta de união entre os torcedores fez com que surgissem Dirigentes desconhecidos,com pouco sucesso em suas áreas de atuação que usam o Guarani como trampolim para ascensão social.Esses fazem gestões sem qualquer critério e nenhum tipo de transparência,usando sempre como argumento principal a falta de receita como mantra para não tentarem fazer algo de diferente.
    Torcida exigente com jogadores da base,que também sempre se preocupa em olhar para o rival ao invés de olhar para o próprio umbigo.
    Ontem sai estarrecido com a pobreza tática do time,falta de vontade e comprometimento dos jogadores como uma jogador que já tinha amarelo faz uma falta daquelas?Até na pelada se você tem amarelo não faz isso.
    Infelizmente creio que seremos rebaixados e não vejo luz no fim do túnel será o fim.Como torcedor posso dizer que foi o ultimo jogo que fui esse ano,não dormi a noite de ódio com tamanha falta de vontade dos jogadores ,com exceção ao Caíque que mesmo fraco tecnicamente, com erros gravíssimos de formação, lutou do começo ao fim,mas uma andorinha não faz verão.Só gostaria de saber o que faz o Sr.Luciano Dias no Guarani?Custava orientar o tal de Lisca que tá perdido,conhecendo o elenco a essa altura.
    Todos os passos na cartilha de time rebaixado essa diretoria seguiu,podemos dizer que foram competentes!!!! Se esse era o objetivos desses ratos,parabéns DR!!

  2. Falta liderança no meio da torcida bugrina. Gente com disposição, coragem e capacidade de mobilizar os torcedores. O Ortiz fazia isso bem através do site que mantinha, mas, por motivos de ordem particular, interrompeu o seu trabalho.

  3. Legal, Elias, vou torcer até o fim, eu apenas não vou ao estádio por falta de condições, senão eu iria sempre!!! E enquanto ainda tiver rodadas para pontuar, já vi coisas incríveis e impossíveis no futebol!!
    E concordo com o Profeta, mas acho que a torcida vai ter sua parcela pq acho que tem que apoiar até o fim!!! Um erro e já pegam no pé do jogador, como o time vai ter tranquilidade? Quanto ao comentário do Eduardo, o Palmeron não é desconhecido, não, ocorre que é daqueles que viviam na oposição, há tempos queria um cargo com poder e, quando consegue, está aí, é fácil ser oposição a Leonel, Mingone e outras tranqueiras, mas assumir o cargo tem que ter capacidade.
    Sobre o Caíque, na boa, mas qualquer um que estivesse no clube com conhecimento de futebol pediria para ele treinar finalização.

  4. Não só falou como tbm disse….
    Eu, torcedor bugrino que vivo longe de Campinas gostaria de fazer mais.. mas como fazer mais com um ST amador?
    Pagar premiere pra ver esse time?
    Cada semana é um sofrimento a mais…
    E concordo com profeta.. o Ortiz era um grande mobilizador da torcida nas épocas de Orkut e do próprio site dele…
    Mesmo de longe sinto que falta essa pessoa, torcedora.. de arquibancada.. que o próprio torcedor se identifique…