Carta aberta para Renato Adriano Jacó Morais, o Renato Cajá, camisa 10 da Ponte Preta

3
1.823 views

Campinas, 22 de setembro de 2017

Olá Renato, tudo bem?

Espero que esteja em paz. Que sua família tenha saúde e prosperidade. Que sua estadia na Ponte Preta seja a melhor possível. Aliás, peço sua permissão para trocar algumas palavras contigo sobre a sua relação com a Macaca.

Temos pouca ou quase nenhuma intimidade. Em algumas oportunidades sei que ficou magoado comigo porque lhe dei um apelido e você não gostou. Não quero falar disso. Quero falar de você. Da sua importância nesta passagem da temporada.

Renato, não sei se já lhe falaram, mas a permanência da Ponte Preta na Série A passará por seus pés, pelo seu futebol, pela sua genialidade.

Suas cobranças de falta, a eficiência nas bolas paradas e o chute de média e longa distância. Quantos recursos, quanta diversidade. Você é uma figura rara no futebol nacional. É bonito de ver você jogar.

Neste futebol dominado por zagueiros viris, volantes limitados e atacantes caneludos, poucos times podem orgulhar-se de contar com um camisa 10 do seu tamanho. São tantas qualidades que me fazem pensar: o que acontece? Por que o ano de 2017 o torcedor pontepretano vislumbra desalento e não esperança ao te observar?

Nunca foi assim. Lembra quando você estava perdido no interior paulista e a Macaca lhe abriu as portas em 2008? Partidas épicas, lances saborosos e vitórias com um repertório que já fez aparecer a conclusão: é o novo Dicá. Hoje, pode ser exagero, mas na época era correto. Não existia vitória da Ponte Preta sem o seu toque de Midas. Inigualavel.Insuperável. Inesquecível.

Lógico, segurar você era impossível. Você andou. Conheceu novas terras. Vestiu outras camisas. Vitória, Bahia, Grêmio, Botafogo…Nada encaixava. Tudo parecia fora de tempo. Por que? Simples: a Ponte Preta é o seu lugar, o seu aconchego, o carinho para crescimento.

Feche os olhos e viaje no túnel da história. Como esquecer o golaço feito no dérbi do segundo turno de 2011? E a sua atuação nas quartas-de-final do Paulistão de 2012 contra o Corinthians em pleno Pacaembu? Perderia o fôlego ao descrever as partidas que você decidiu na Série B de 2014. Ah! Como você poderia ter sido o herói naquele jogo em Recife!? Seu toque, malícia e destemor estavam ali, na Arena Pernambuco, mas não fizeram a diferença contra o Náutico. A Macaca perdeu a oportunidade de celebrar o tão sonhado título.

O destino é cruel. Retira cenas com final feliz para que fiquemos no vácuo, sem resposta. Conclusão construída após ver o seu gol anulado contra o Corinthians nas quartas de final do Paulistão de 2015 e seu desembarque da alvinegra durante o Brasileirão de 2015.

Agora você está volta. No seu lar. O seu habitat. Só que Nada acontece. Tudo parece parado.

Compreenda e entenda o que vou lhe dizer. É para o seu bem. Parece inexistente a autoestima dentro de ti. Não há crença de que você, aos 33 anos, pode desequilibrar e ser o herói de homens, mulheres, crianças, idosos e adolescentes. Algo conflitante se levarmos em conta que qualquer Cristão que preze têm dentro de si o afago de Deus pai. A fé de que tem valor, independente das circunstâncias.

Renato, acredite em você! Creia na sua capacidade, no seu talento, na sua história na Ponte Preta. Assuma o comando, fale, determine diretrizes e ostente coragem e determinação em vestir o manto pontepretano e reviver aquilo que está impregnado na memória do torcedor.

Coloque o medo para escanteio.

Inspire-se em heróis do passado como Oscar, Polozzi, Dicá, Carlos, Osvaldo, Mineiro, Washington. Gente sem pudor em vestir e sentir o que é ser pontepretano no gramado e na vida.

Coloque o profissionalismo em segundo plano. Jogue com a coração. Porte-se como aquele garoto sedento de espaço que correu atrás da bola no início de carreira e queria fazer a diferença. Hoje, você não precisa provar a ninguém. Faça! Tenha amor a Ponte Preta, a sua torcida, a você e aos que te cercam. Automaticamente, eu tenho certeza: a magia voltará. E o torcedor voltará a sorrir.

Fique bem.

Um abraço do jornalista

Elias Aredes Junior

3 Comentários

  1. Estamos quase em outubro e cajá não fez, desde o paulista, duas partidas seguidas como titular.
    Já foi reserva de jadson, Elton, Wendel, Leo Artur, Nino Paraíba ( quando jogou de meia), de Claudinho, de Saraiva, Naldo.
    Pedir o que para um cara como ele?
    Pede para um técnico escalá-lo três vezes seguidas, até o fim, e depois pode cobrar.
    Acho que até Fernandinho jogou mais que ele.
    E Cajá era banco no Bahia, que subiu graças a um gol que ele fez após entrar nos minutos finais.
    Então, ou nenhum treinador gosta de ter um meia como ele, ou está seriamente machucado, ou o mundo do futebol da ponte virou o mundo dos volantes.

  2. Problema do Cajá é físico (falta fôlego para 90 minutos) e clínico (dores no joelho). Futebol ele ainda tem, e muito.