CBF e seu objetivo: dificultar o sonho de título da Ponte Preta e dos times médios em mata-mata

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A Ponte Preta tem duas preocupações imediatas: a busca da melhor pontuação possível no final do primeiro turno e o sorteio para as oitavas de final da Copa do Brasil, marcado para a terça-feira. Muitos torcedores defendiam a validade de amolecer para o Figueirense e jogar a Copa Sul-Americana. A ética e a lisura no futebol, conceitos defendidos por Eduardo Baptista falaram mais alto e a goleada sobre a equipe catarinense é um sintoma disso.

Neste debate infinito, uma informação passa batida, que é o papel da CBF de impedir a Macaca de sonhar por duas vezes no mesmo ano. O torcedor pede a escolha por um torneio mais fácil e esquece que até bem pouco tempo isso não era necessário.

Até 2012, a Copa do Brasil era totalmente realizada no primeiro semestre e era simultânea com a Copa Libertadores de América. Por seu desempenho tanto nas competições nacionais como no Paulistão, a Macaca sempre estava inserida. Mais: com boas participações na divisão de elite do Brasileirão, seria natural a classificação no ano seguinte para a Copa Sul-Americana, sem concorrentes no modelo antigo de calendário do futebol brasileiro. Ou seja, pelo modelo antiga, a Macaca disputaria a Copa do Brasil no primeiro semestre e no segundo semestre teria a chance de sonhar com a Sul-Americana, sem precisar abrir mão de nenhuma.

O que aconteceu? Simples: por anos e anos, a Rede Globo tinha o monopólio de transmissão tanto do Campeonato Brasileiro como da Libertadores. Em 2012, um fato embaralhou tudo: a FOX Sports, detentora original dos direitos da competição da Conmebol entrou no mercado brasileiro e tomou para si as competições Sul-Americanas (Libertadores e Sul-Americana) e deixou sem eira e nem beira a antiga detentora dos direitos.

O que fez a Rede Globo? Exigiu, pressionou e a CBF concordou em esticar a Copa do Brasil pelo ano todo e abrigar os classificados da Copa Libertadores. Resolvia o problema da parceira e indiretamente detonava com o sonho de equipes médias e pequenas.

Como assim? Vamos raciocinar. Antes das mudanças, as equipes classificadas à Libertadores não participavam da Copa do Brasil e isso abria espaço para que muitas equipes de médio porte tivessem chance de disputarem a final. Querem uma prova? Vejam a lista dos campeões e vices da Copa do Brasil de 2001 a até 2012, ultimo ano em que a competição terminou no final do primeiro semestre ou começo do segundo semestre:

2001 – Grêmio x Corinthians – Grêmio campeão

2002 – Corinthians x Brasiliense- Corinthians campeão

2003 – Cruzeiro x Flamengo – Cruzeiro campeão

2004 – Santo André x Flamengo Santo André campeão

2005 – Paulista (SP)x Fluminense Paulista Campeão

2006 – Flamengo x Vasco da Gama – Flamengo campeão

2007 – Fluminense xFigueirense (SC) – Fluminense campeão

2008 – Sport x Corinthians Sport campeão

2009 – Corinthians x Internacional Corinthians campeão

2010 – Santos x Vitória – Santos campeão

2011 -Vasco da Gama x Coritiba Vasco campeão

2012 -Palmeiras x Coritiba – Palmeiras campeão

Por esta lista você verifica que em 12 edições, oito finais tiveram a inserções de clubes médios ou pequenos, sendo que três levantaram troféus (Sport, Santo André e Paulista). Em 2013, o Atlético-PR chegou a decidir a final mas depois Atlético Mineiro x Cruzeiro e Santos x Palmeiras protagonizaram a luta pelo troféu. 

Em contrapartida, que ninguém imagine pode imaginar para quem disputa a Sul-Americana. Não podemos esquecer que Ponte Preta e Goias chegaram às decisões de 2011 e 2013, mas pagaram o preço de amargarem rebaixamentos na divisão de elite do Brasileirão.

Bem, então é o caso da Ponte Preta jogar a toalha? Nada disso. Primeiro que o sorteio será na terça-feira e nem todos os oponentes se constituem em transtorno. Cruzeiro e São Paulo, por exemplo, são equipes sócias da irregularidade e nada impede a Macaca aprontar uma surpresa. Como também o próprio Santos, ainda sem saber como ficará após o fechamento da janela de transferências internacionais. 

Além disso, a porta não está fechada. Em 2015, o Figueirense ficou entre os oito melhores da Copa do Brasil. Em 2014, o ABC-RN disputou as quartas de final contra o Cruzeiro e o América-RN disputou um lugar nas semifinais contra o Flamengo. Porque a Ponte Preta não pode ultrapassar as oitavas-de-final e chegar a uma semifinal e final? Basta acreditar e planejar.

A Macaca tem a força do conjunto, um técnico estudioso e uma torcida ávida por uma nova final. Poderia ser mais fácil? Sim, poderia. Mas nunca esqueça: o antagonista pontepretano tem nome e sobrenome: Confederação Brasileira de Futebol. Ela não deseja o crescimento de médios e pequenos. E manobra para que isso seja realidade eterna.

(análise, texto e dados feita por Elias Aredes Junior)

3 Comentários

  1. As dificuldades são enormes, tendo em vista o nível dos adversários , as diferenças de cotas então são absurdas, os critérios de arbitragens nem sempre são iguais para os 2 times que se enfrentam, mas é preciso lutar. Entrar pra jogar o jogo com atitude e responsabilidade que a competição exige.

    Não se apequenar diante das dificuldades. A Ponte tem um elenco razoável, onde não existe nenhum jogador fora de série, ou algum craque que desponte…a Ponte tem um jogo baseado na disciplina tática pregada pelo treinador e no conjunto do time, que joga na base da superação. Assim temos visto no Brasileiro da Série A e assim que tem ser na Copa do Brasil, sem impor prioridades. Um jogo de cada vez e assim por diante.

    O caminho é difícil, mas é possível sim.