Como explicar a ressurreição de Fernando Bob na Ponte Preta?

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Um dos fatos principais da arrancada da Ponte Preta no Campeonato Paulista é o acréscimo de produção de Fernando Bob. Volante técnico, com boa visão de jogo e passes precisos, o atleta errou apenas um passe dos 60 dados diante do Palmeiras. Sua liderança tem sido fundamental para não vacilar na compactação do meio-campo formado com Jadson e Elton.

Interessante é observar o novo patamar. No Internacional, a passagem de Bob foi cheia de controvérsia e criticas. A principal crítica encaminhada por torcedores e integrantes da imprensa gaúcha é que seu futebol bonito não dá frutos e seus passes não levam a lugar nenhum. São burocráticos. Tal opinião é explicada devido a própria característica da escola gaúcha.

Faça um retrospecto histórico. Excetuando-se Paulo Roberto Falção, todos os outros cabeça de área que fizeram história tanto em Grêmio como em Internacional nunca tiveram a técnica e a visão de jogo como predicados e sim a força de marcação. Digo apenas alguns: Dinho, Batista, Dunga, Rodrigo Dourado. Ou seja, o clássico brucutu, apreciado por torcedores, imprensa, dirigentes e comissão técnica, seja qual a época. Seria natural Fernando Bob receber uma boa dose de desconfiança diante do histórico local.

Vou além: podemos até concordar que alguns passes dados por Bob nos jogos são burocráticos. Existe um requisito: ele acerta. Não entrega o ouro ao adversário. Não produz contra-ataques fatais e que deixam a zaga desprotegida.

Sem contar a sua capacidade de realizar lançamentos longos e que são capazes de acionar atacantes de velocidade e com curta distância para percorrer. Pense agora que a Macaca atua com William Pottker, Lucca e Clayson e a sua utilidade estará justificada.

Talvez a técnica de Bob em lidar com a bola explique não exista alarido em pedir a escalação de Renato Cajá de qualquer jeito.

Ao chegar na passagem deste raciocínio deve pensar: poxa, se ele é tão bom assim, por que ele nunca foi para a Seleção Brasileira? Em primeiro lugar, pela construção da carreira de Bob. Após sair do Fluminense e Vitória, ele chegou na Ponte Preta e destacou-se no vice-campeonato da Sul-Americana em momento indigesto.

O Brasil tinha acabado de faturar a Copa das Confederações em 2013 e Luiz Gustavo virou homem de confiança de Felipão. Nem Bob ou  outro volante de alto gabarito do futebol nacional (exemplo: Ralf na época em boa fase no Corinthians) foi lembrado ou teve chance efetiva. Quando recebeu a oportunidade de desbravar um outro centro do futebol nacional, Bob teve o preconceito como adversário.

A Ponte Preta pode deixar escapar a chance de ir a final e provocar uma nova decepção. Ou fazer história e levantar a taça pela primeira vez na história. Algo é inequívoco: a qualidade do camisa 5 é inquestionável.

(análise feita por Elias Aredes Junior)

3 Comentários

  1. Na minha opinião o Bob é craque…vendo ele jogar, parece que é fácil jogar futebol.

    O posicionamento é perfeito, dá segurança pra zaga e também opção para armar o jogo, o passe e simples e rápido alem de lançamentos de 3 dedos que inverte o jogo e desafoga o time.
    Peça fundamental na campanha que a Ponte vem fazendo no Paulista, principalmente nos jogos da reta final.

    Foco na Semi que temos mais uma “guerra” la em São Paulo.

  2. Concordo com o Batagin: Fernando Bob é craque! E não souberam dar o devido valor a ele nos outros clubes. Ele mesmo já disse que rende melhor na Ponte Preta pois aqui tem alegria de jogar! Faltou aos outros clubes reconhecimento e liberdade para ele jogar como sabe

  3. Elias, excelente relato! O Bob é um monstro. Elevou em muito o nível do time da Ponte, mesmo com Felipe Moreira que não sabia o que fazer com esse bom elenco em mãos. Com Kleina, que está mais uma vez demonstrando que conhece muito de futebol, ele extrai quase que todo o potencial desse jogador canhoto que enche nossos olhos ao vê-lo jogar. Mais que tudo que foi comentado acima, gosto de citar que com Bob e seus passes perfeitos, o time passa a ter maior controle da bola, podendo se dar ao luxo de descansar um pouco mais ao longo do jogo, por correr menos atrás do adversário, e em paralelo, acelera o jogo com objetividade quando toma a bola do adversário. Acho que inclusive, ficou muito claro a falta que ele faz no jogo do Pacaembú.
    Elias, conhecemos bem a nossa querida Ponte Preta, mas eu tô com dificuldade de segurar o entusiasmo, pois mais do que os resultados que estamos alcançando, o nível de futebol apresentado e a capacidade de alteração de esquema para surpreender o adversário que o Kleina vem apresentando, com variações de jogadas ofensivas e muita consistência no sistema defensivo, é algo que credencia a Ponte, na minha opinião, a levar esse caneco. O Kleina tá com o time muito na mão e além disso é o técnico mais experiente da semifinal. Vamos Ponte!! Eu acredito!!