Especial: integrantes da zona do rebaixamento, Ponte Preta e Sport exibem as dinastias políticas mais longevas da divisão de elite

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Envolvida com a tentativa de fuga do rebaixamento, a Ponte Preta finalizará o seu processo eleitoral com a aclamação da Chapa Sempre Ponte Preta, cujo presidente será novamente Vanderlei Pereira e tem como padrinho político Sérgio Carnielli. Independente do resultado, fica a pergunta: existe saldo positivo com um grupo no poder há 20 anos e preparado exercê-lo para mais quatro? Apesar de encontrar-se afastado, Sérgio Carnielli foi o patrocinador principal das duas últimas indicações, tanto a de Márcio Della Volpe, hoje oposicionista, como do próprio Vanderlei Pereira.

Para buscar respostas, a reportagem do Só Dérbi pesquisou as disputas políticas nos 20 integrantes da divisão de elite do Campeonato Brasileiro. A constatação: apenas o Sport do Recife tem um grupo político com o mesmo tempo de permanência que está alojado na Macaca. Coincidência ou não, as duas equipes, cujo os mascotes são integrantes do reino animal lutam desesperadamente para fugirem do rebaixamento.

PALMEIRAS- Após o fracasso de Arnaldo Tirone, com a queda em 2012, o oposicionista Paulo Nobre ganhou eleição e administrou a partir de  2013 e depois indicou Mauricio Galiotte como seu sucessor, em que vive as turras. Como saldo, a conquista do Campeonato Brasileiro de 2016.

CORINTHIANS- Andrez Sanchez é o condutor do grupo político que assumiu o poder em 2007 durante a luta contra o rebaixamento. Depois indicou Mário Gobbi e Roberto de Andrade. O saldo: três campeonatos Brasileiros, uma Libertadores e um Mundial e três Campeonatos Paulistas.

SÃO PAULO – De 2005 a 2014, um grupo político dominou o Morumbi. Primeiramente com Marcelo Portugal Gouvêa e depois com Juvenal Juvêncio. A indicação de Carlos Miguel Aidar significou a ruptura política, sacramentada após a ascensão de Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, ao poder. Na prática, o novo grupo comanda o clube há dois anos e tem mandato assegurado até 2020..

SANTOS- Grupos políticos adotaram um revezamento no poder. De 2000 a 2009, Marcelo Teixeira deu as cartas. Foi sucedido pelo oposicionista Luis Alvaro Ribeiro, que não terminou seu mandato e abriu espaço para Odílio Rodrigues. Desde 2015, com apoio de Marcelo Teixeira, o jornalista Modesto Roma Junior dá as cartas na Vila Belmiro.

BOTAFOGO- Envolvido em dívidas e dificuldades, o Botafogo teve diversos agrupamentos políticos na dianteira. Só neste século começou com Mauro Palmeiro, substituído por Bebeto de Freitas, oposicionista. Posteriormente ele foi substituído por Mauricio Assumpção que na primeira vitória não teve concorrentes. Depois foi reeleito com mais de 73% dos votos e venceu na ocasião o oposicionista Carlos Eduardo Pereira, que ficou com 26,8% dos votos. Em 2014, o adversário deu o troco e venceu o pleito em 2014.

FLAMENGO- Se existe um clube com política em alta temporada este chama-se Flamengo. Situação e oposição fazem revezamento no poder e alianças são feitas. Só para se ter uma ideia, nesta década a agremiação teve como comandantes Patrícia Amorim e Eduardo Bandeira de Melo. E pode ter um novo grupo na cadeira da presidência, já que o ex-presidente Márcio Braga costura uma aliança entre os oposicionistas para tomar o poder.

FLUMINENSE- Outro clube em que revezamento de nomes e ideias. Em boa parte do Século 21, o empresário Celso Barros e sua empresa, a Unimed, era a patrocinadora principal. Isso não impediu a vitória do oposicionista Peter Siemsen, que três anos antes tinha perdido o pleito para o médico Roberto Horcades. Hoje, o clube tem o comando de Pedro Abad, apoiado por Siemsen.

VASCO – De 1983 a 1998 Antonio Soares Calçada mandava e desmandava em São Januário. Foi sucedido por Eurico Miranda, que deu as cartas de 2001 a 2008. Depois, entrou o oposicionista Roberto Dinamite, que viu a vitória em 2014 de…Eurico Miranda. Poucos nomes, muita disputa política.

GRÊMIO- Vários nomes ocuparam a presidência gremista neste século: José Alberto Machado Guerreiro,Flávio Obino, Paulo Odone, Duda Kroeff,Paulo Odone

Fábio Koff e Romildo Bolzan Jr. Paulo Odone fez bom mandato de 2005 a 2008 mas perdeu para o oposicionista Duda Kroeff e que abriu espaço para o retorno de Odone, quer perdeu a eleição para Fábio Koff e depois sucedido por Bolzan. Democracia intensa que gerou uma nova Arena e a conquista da Copa do Brasil, além de uma final de Copa Libertadores. Pois é.

CRUZEIRO- De 1995 a 2011, a família Perrela dominou o ambiente político do Cruzeiro. Ficaram afastados da vida política do clube, mas apoiaram o candidato Gilvan de Pinho Tavares, que depois apoiou e rompeu com seu sucessor Wagner Pires de Sá. É um dos modelos que mais se apróximam do que acontece na Ponte Preta.

ATLÉTICO MINEIRO- Após a renúncia de Ziza Valadares em 2008, Alexandre Kalil assumiu o clube, ficou por 06 anos e indicou seu sucessor Daniel Nepomuceno, que posteriormente já começa a preparar o terreno ao advogado André Sette Câmara, que será o novo comandante em 2018.

CORITIBA- Outro clube marcado pelo revezamento de nomes: Sérgio Marcos Prosdócimo, Francisco Alberto de Araújo, Giovani Gionédis, Jair Cirino dos Santos,

Vilson Ribeiro de Andrade e Rogério Portugal Bacellar, que venceu com discurso oposicionista.

ATLÉTICO PARANAENSE- Mário Celso Petraglia é o comandante político do grupo que deu as cartas de 1999 a 2008, mas foi interrompido de 2009 a 2011 com a gestão de Marcos Malucelli. Petraglia e seu grupo retornaram em 2011 e desde então comandam o clube, agora sob a responsabilidade de Luiz Salim Emed.

BAHIA- Clube que viveu sob a dinastia de Marcelo Guimarães, presidente de 1997 a 2005 e depois conseguiu eleger seu sucessor, Petrônio Barradas e voltou em 2008, mas foi afastado devido a acusações de improbidades administrativas. Fernando Schmidt exerceu o mandato tampão de 2013 a 2014, antes da vitória do jornalista Marcelo Sant´ana, que recebeu apoio do ex-jogador Bobô e do advogado Carlos Rátis, que atuou como interventor.

VITÓRIA-No final do Século 20, a agremiação tinha a cara e o DNA de Paulo Carneiro, presidente de 1991 a 2000. A partir disso, entre disputas políticas e confusões, vários nomes ocuparam o poder máximo: Manoel Pontes Tanajura Filho(2000- 2005), Ademar Pinheiro Lemos Júnior (2005 -2007), Alexi Portela Júnior(2007-2013), Carlos Sérgio Falcão (2013-2015) (renunciou), Raimundo Dias Viana (2015 -2016) e Ivã de Almeida, eleito por chapa única até 2019, mas que tinha perdido a eleição passada para Raimundo Viana.

AVAÍ- Presidente de 2002 a 2013, o Nilson Zunino ocupou a presidência do Avaí e indicou o sucessor Nilton Macedo, que renunciou em abril de 2016 por questões pessoais. Francisco Battistotti ocupa o cargo. Novas eleições serão realizadas no dia 09 de dezembro e com duas chapas inscritas.

CHAPECOENSE- Adotada pelo Brasil, tem o revezamento de nomes como marca na sua história. Neste século, os seguintes nomes ocuparam a presidência: Luiz Pinto Crispim (2001–2002), Edir de Marco(2006–2007), Lodovino Costella (2008), Nei Maidana (2009–2010), Sandro Pallaoro (2010–2016),  Ivan Tozzo (2016-Interino) e Plínio David eleito e que está até hoje no cargo. Falecido no acidente aéreo na Columbia, Sandro Pallaoro foi a principal figura política do clube e que só teve oposição em 2011, que desistiu em 2012 após o acesso à Série B.

ATLÉTICO-GO – Na prática, tem apenas um grupo no poder desde 2005. O presidente Mauricio Sampaio estava inserido na turma que tinha ainda , o ex-deputado federal Valdivino de Oliveira, ex-secretário da Fazenda do Distrito Federal e  Jovair Arantes, e, em menor escala, o ex-presidente da Câmara Municipal de Goiânia, Wladimir Garcêz.

SPORT-Neste século, um nome está presente: Luciano Bivar, presidente do clube pernambucano em três oportunidades. O rubro-negro pernambucano na prática tem o mesmo tempo de dinastia política em relação a Ponte Preta, pois Luciano Bivar entrou em 1997 e a partir daí o seu grupo sempre indicou os ocupantes da presidente. A cronologia no leão pernambucano é a seguinte: Luciano Bivar (1997-2001); Fernando Pessoa (2001-2002); Severino Otávio (Branquinho) (2003-2004); Luciano Bivar (2005-2006); Milton Caldas Bivar (2007-2008) Sílvio Alexandre Guimarães (2009-2010); Gustavo Dubeux (2011-2012);Luciano Bivar (2013); João Humberto Martorelli (2013-2016). Arnaldo Barros Jr. (2017-2018). Assim como a Macaca visitou a Série B por diversas vezes: 2006, 2010, 2011, 2013. Tanto tempo com um mesmo grupo político tem consequências: assim como a Ponte Preta, o clube também luta contra o rebaixamento. Um sinal evidente de que as ideias precisam ser recicladas

(análise, texto e reportagem: Elias Aredes Junior).