Gente desamparada na frente da Catedral de Campinas. E o grupo Bugrinas em ação marca um golaço!

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A vida é fugaz. Não permite vacilos. Fazer o mal é uma opção e ser do lado do bem é imperioso. Nós, cronistas esportivos, deveríamos entender como estes preceitos são refletidos no futebol. Sem exceção. Não é um jogo regido pelo acaso. Ou esporte talhado a premiar os melhores. É uma extensão da vida, uma metáfora das virtudes e defeitos enquanto sociedade.

Somos comodistas. Preguiçosos. Criminalizar a torcida organizada e suas vertentes é fácil. Sim, existem pessoas de má índole, capazes até de tirar a vida do semelhante dentro destas instituições. Para esses, a Justiça deve agir. Punição e programas para forjar um cidadão consciente de seus deveres e direitos.

Somos cegos. Incapazes de verificar o poder mobilizador das torcidas organizadas. Ou de grupos como o “Bugrinas em Ação”, formado por mulheres e na linha de frente contra o machismo e contra qualquer tipo de preconceito nos estádios.

No último dia 26 de dezembro essas meninas corajosas e valorosas (dou adjetivo sim pois reconheço a dificuldade da mulher firmar-se no mundo machista da bola) marcaram um golaço. Poucos viram. Não há melhores momentos. Nem descrição primorosa. Está no Facebook: Segue a descrição: “Na noite desta quarta feira, 26 de dezembro, realizamos em parceria com o projeto Amigos de Aruanda, a nossa CEIA de Natal para os moradores em situação de rua que habitam as calçadas da Catedral Metropolitana de Campinas. Foram entregues diversos bolos, pipoca, doces, panetones, chocotones, água, café e além de tudo muito amor e carinho”.

Se você for detentor de uma qualidade de vida impecável, cheio de posses e familia estável, é barbada destilar jargões e palavras de preconceito. Prefiro trilhar o sentido oposto. Como dimensionar o poder desta ação para pessoas carentes e sem rumo e  que utilizam a Catedral Metropolitana como abrigo e refúgio de uma esperança perdida? Quantas pessoas ali atendidas podem ter tido um único momento de carinho e de afeto naquele movimento feito pelas Bugrinas em Ação e o projeto Amigos de Aruanda? Um mínimo de empatia produzirá conclusões.

Que as integrantes do Bugrinas em Ação entendam: esse gesto vale muito mais que um gol de Ricardinho contra o XV de Piracicaba; Infinitamente maior que um cobrança de falta de Fumagalli ou um conclusão certeira de Bruno Mendes.

Qualquer jogada no gramado fica diminuta quando olhamos ao próximo com afeto. Não há preconceito ou criminalização que irá impedir. Parabéns, meninas. E que em 2019 os torcedores bugrinos marquem gols como esse fora dos gramados.

(artigo de autoria de Elias Aredes Junior)