Guarani demite Renato Morungaba do Sub-20 e descarta um patrimônio vivo de sua história. E os estadistas? Onde estão?

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Discurso vale quase nada no futebol. As atitudes comprovam o amor, carinho e respeito pela torcida e ídolos do passado. Diante das dificuldades o dirigente demonstra ser um estadista ou um gestor talhado pelo equívoco.

Como ignorar tais preceitos após o anúncio da demissão do Renato Morungaba em plena disputa da Copa São Paulo de Futebol Junior? Um ato lamentável e simbólico.

A campanha é insatisfatória? Pode até ser por causa da derrota e do apagão diante do Ituano e o empate sem gols contra o Santa Cruz. O que vimos em campo foi uma equipe com problemas de compactação, preparo físico irregular e garotos ora limitados e em outros instantes sócios da ansiedade.

Renato Morungaba errou ao reclamar dos meninos pela postura na derrota para o Ituano? A resposta é sim. No entanto, um diretor sábio chamaria o ex-jogador para uma conversa, lhe repreenderia e até combinaria realizar um discurso motivacional no vestiário antes dos dois jogos decisivos.

Se todas as medidas não surtissem efeito nos jogos e a eliminação fosse um fato consumado, na segunda-feira, com toda a educação e zelo, o responsável pelo departamento amador chamaria Renato Morungaba e faria uma exposição dos motivos para a sua demissão, além de uma nota de agradecimento no vestiário e no site oficial do clube. É a cartilha básica de administração de um time de futebol. Em Campinas, São Paulo, China, no planeta Terra.

Nada disso aconteceu. Ao anunciar a saída da comissão técnica antes do terceiro jogo, contra o XV de Piracicaba, a direção do Guarani mostra desrespeito com Renato e trata ele como uma pessoa abaixo de zero, como se fosse qualquer um. Só existe um obstáculo: Renato não é qualquer um. Longe disso.

Quem foi demitido não foi um treinador de futebol e sim um ídolo na história bugrina. Integrante do elenco Campeão Brasileiro de 1978, autor de gols e partidas memoráveis e de um currículo que engloba a participação na Seleção Brasileira e na Copa do Mundo de 1982. Um ser humano que, apesar das falhas de concepção profissional, tem dotes especiais: bom caráter, aglutinador, sereno, trabalhador, calmo e focado em ajudar, nunca em atrapalhar.

O Guarani pegou todo esse patrimônio e depositou na lata do lixo. Justificativa para a demissão? Não sei e  dificilmente vamos saber. Tal resolução demonstra como o atual grupo político do Guarani encontra-se envolvido em seus próprios erros e incapaz de utilizar o patrimônio material e de conquistas viabilizados nos últimos 105 anos para galgar novos degraus.

Sejamos sinceros: se estes dirigentes não realizam rupturas com um mínimo de nível diplomático de relacionamento, como trazer toda a torcida para o seu lado neste ano dramático, em que o aporte excedente de Roberto Graziano não passa de miragem e terá que ser feito muito sangue, suor e lágrimas para obter o acesso na Série A-2 e a manutenção na Série B? Pense, reflita e verá que o quadro é mais grave do que pensa.

Renato Morungaba é um patrimônio vivo do Guarani. Merecia deferência e respeito. Um estadista pensaria desta maneira. Duro constatar que tal personagem está em falta no estádio Brinco de Ouro.

(análise feita por Elias Aredes Junior)

1 Comentário

  1. Apesar da proliferação de literaturas e palestras sobre liderança, o fato é que há uma escassez absurda de líderes.

    Não sabemos o tom da conversa nos bastidores, mas, de qualquer maneira, concordo que a forma da demissão poderia ter sido mais profissional.