Guarani e dérbi 203: o time pode até vencer. Mas a diretoria faz de tudo para perder o clássico. Falha de gestão na veia!

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Daniel Paulista foi demitido do Guarani. Delirio em boa parte da torcida bugrina. O treinador não agradava . Errava demais. Adotava estratégias equivocadas na visão do torcedor. Tomava decisões que não combinavam com as caracteristicas do elenco. Uma trapalhada atrás da outra. A gota d´água, na visão destes detratores, aconteceu no Recife. O empate por 1 a 1 com o Náutico foi a consequência de uma estratégia errada.

As redes sociais e os grupos de aplicativos de mensagens foram invadidos com as mais diversas teses sobre os motivos que levaram ao desligamento. Todos passaram horas discutindo sobre as motivações de troca de treinador. Palpitaram em demasia e no final das contas caíram na armadilha que o futebol brasileiro arquiteta para todo aquele que fica enrolado na seara da mediocridade.

Contratou um novo técnico? Euforia e esperança! Começa a perder? Demite e fica por isso mesmo. Já afirmei por diversas vezes e repito: a imprensa tem uma participação tremenda nesta roda de fogo do mal. Trabalho de longo prazo gera necessidade de estudar e aprofundar-se cada vez mais no trabalho do técnico. Quase ninguém quer. Melhor trilhar o rumo do entretenimento. Ganha dinheiro e não dá trabalho.

Deixamos de discutir o principal: futebol. Como se faz? De que maneira?De  que forma? Sim, porque percebam o seguinte: o Guarani é um clube sem identidade. Por que? Simples: ele não tem uma política de estado em relação ao futebol. Ou seja, uma filosofia de trabalho que oriente o profissional a aplicar a sua metodologia.

E existe como provar tal conjuntura. Thiago Carpini atuava para valorizar a posse de bola. Felipe Conceição atuava de maneira mais vertical. Allan Al apostou tudo na construção de um sistema defensivo mais seguro e a possibilidade de envolver o oponente. Daniel Paulista, por sua vez, nos seus melhores momentos apostou todas as suas fichas no volume de jogo, no trabalho dos laterais e em volantes que tivessem mobilidade. Perceberam a discrepância entre estilos? Ou seja, o treinador vai embora e com ele o estilo de jogo.

Quem apostou na construção de uma identidade no futebol brasileiro, mesmo que em um espaço de tempo, colheu os frutos. Fortaleza, Ceará, Athletico-PR, Corinthians…a lista é extensa.

Junte esta falta de identidade com outro fator aterrorizante: o elenco de 2022 do Guarani é mal montado. Dois setores demonstram a ausência de critério. Derlan e João Victor mostraram-se inferiores tecnicamente a Thales e Carlão. Sintoma claro: Ronaldo Alves contratado para ser uma opção de banco e tido como razoável no ano passado hoje é salvador da pátria. Como confiar? De que maneira apostar de que tudo será diferente?

O outro setor é a meia armação. Michel Alves apostou todas as fichas na manutenção de Régis e Andrigo. Quebrou a cara. Teve que ir às pressas no mercado e trouxe Giovanni Augusto. Mas o rendimento por enquanto tem sido decepcionante.

Apesar do anuncio do novo técnico, algo tem que ser dito: a sensação de bagunça e falta de rumo no Guarani é claro e cristalino. Demitem o treinador a três dias do principal clássico do interior do Brasil. Passam a noite para contratar o profissional, que necessariamente terá que vir junto com preparador físico. Não conseguem. Agora apostam em Ben Hur Moreira. E a galera terá um dia apenas para se preparar para o dérbi. Como deixar de criticar? Não dá.

Ok, você tem todo direito de se agarrar a mistica do dérbi. Imaginar que o time poderá ter uma jornada de superação e faturar os três pontos. E isso pode acontecer. Afinal de contas, o futebol é imprevisivel e apaixonante. Uma atuação soberba de Giovanni Augusto, uma arrancada de Matheus Pereira, uma cobrança de falta venenosa de Diogo Matheus e todas as confusões serão esquecida. Gera-se uma genialidade de 90 minutos.

Tal cenário não fará apagar um conceito: o Guarani está fazendo de futebol para perder para o dérbi.

(Elias Aredes Junior- foto de Thomaz Marostegan-Guarani F.C)