Guarani, Série B, responsabilidade de Comissão Técnica e Jogadores e responsáveis que preferem o silêncio

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O Guarani está segunda página da classificação geral da Série B do Campeonato Brasileiro. As aparências iludem e enganam. O quadro é critico. Horroroso. Tenebroso. Nos últimos cinco jogos, a equipe disputou cinco jogos e ganhou seis pontos. O aproveitamento foi de 40%. Ganhou do Sampaio Côrrea e levou sufoco nos empates com Ponte Preta, Chapecoense e Tombense.

E neste domingo, um novo rendimento decepcionante e a derrota para o CRB por 1 a 0. Time alagoano treinado por Daniel Paulista, o mesmo que é desprezado pela torcida do Guarani, apesar de ter ficado na sexta posição com 60 pontos na Série B de 2021. Independente de conjecturas, o o desafio está colocado: de quem é a culpa pela atual situação? Quem deve ser cobrado?

Em tal conjuntura, é evidente que o treinador fica na berlinda. Bruno Pivetti poderia render melhor? Sim, poderia. Suas substituições por vezes são equivocadas? Não há dúvida. Deveria ficar mais controlado emocionalmente para enxergar o que acontece no gramado? Inquestionável. Tais falhas detectadas não podem fazer o torcedor do Guarani perder de vista algo inegável: o clube conta com um profissional que deseja ficar inteirado dos conceitos mais modernos do futebol mundial.

Alguém que não abre mão de um conceito ofensivo. Que aliás, está dentro do DNA do Guarani. Sim, ele foge ao senso comum ao colocar meias e atacantes para marcarem ou ao  enfatizar em demasia o controle de bola. Só que isso deveria ser feito por todos os treinadores. E se eles não fazem isso explica boa parte da mediocridade reinante no futebol brasileiro atual.

Bruno Pivetti e suas decisões explicam uma parte consideravel da oscilação bugrina. Não explica tudo. É como um download de aplicativo ou programa de computador. Sem estar 100% o programa não roda. De a 100, considero que o protagonismo de Bruno Pivetti é de 35%. Os 65% são divididos por duas partes. Os primeiros 35% são da única e exclusiva responsabilidade dos jogadores. Vamos destrinchar: qual a culpa de Bruno Pivetti se Matheus Bueno concede um escanteio bobo, a bola é levantada e Anderson Conceição sobe livre para cabecear? Repito: qual a culpa?

Você, adepto do lugar comum, afirma: ah, mas ele escala o time. Desculpe, mas isso é argumento para livrar a cara dos outros dois particípes deste processo. O treinador não tem controle sobre o rendimento do jogador. Claro, ele pode retirar do gramado. Mas qual a consequência de tirar um jogador do porte de Régis, com alto poder de decisão, mas atualmente com rendimento físico e técnico muito aquém do seu potencial? Como ignorar os seguidos vacilos individuais -e não táticos- da dupla de zaga formada por Alan Santos e Lucão?

Do que adianta Bruno Pivetti treinar exaustivamente jogadas ensaiadas durante a semana se por vezes a bola sequer chega na grande área? Com o time rendendo fisicamente tão abaixo do ideal porque os preparadores físicos não aparecem para dar explicações? Entenderam? Não é trocar o técnico que vai resolver o drama vivido pelo Guarani.  As falhas e problemas do Guarani seja com seu técnico ou com os atletas são estruturais. Vai além de qualquer campeonato.

Ao abordamos o tema, chegamos aos 30% restantes e seus responsáveis: os dirigentes. Seria muito fácil aqui e descer a lenha em Rodrigo Pastana. Dizer que ele é um profissional que deixa a desejar e que montou uma equipe deficiente. Evidente que ele tem parcela de culpa no processo. Mas será que é ruim um dirigente que assumiu no ano passado uma equipe na zona do rebaixamento, contrata 10 jogadores e sem tempo para adaptação consegue viabilizar 33 pontos no returno? Sério que você acha ruim mesmo!? Interessante que muitos torcedores do Guarani mostram a formula do sucesso que muitas vezes não pode ser viabilizada por um único motivo: falta de dinheiro. Não há como fazer milagre.

Fato: o Guarani, desde que voltou a Série B em 2017 é um coadjuvante. Que não sonha com nada. E cujo arquiteto é o ex-presidente Ricardo Moisés, agora CEO do clube. Um dirigente que disputou as edições de Série B de 2020, 2021, 2022. Das três edições, em duas ele brigou para não cair após desempenhos ruins no turno inicial. Ou seja, uma nota 5 ou 6. Qual foi seu prêmio? Nomeado CEO. Se esse foi o desdobramento é porque a antiga e a nova diretoria querem isso. Ou seja, não há choro ou pronto se o acesso escapar. Meio de tabela. Para sempre.

Posso estar enganado? Sim, posso. Ao contrário de muitos dirigentes de diversos clubes, inclusive os de Campinas,  eu não me vendo como uma pessoa perfeita. Agora, se eles têm tanta convicção de que esse é o caminho certo, porque não conversam com o torcedor do Guarani? O que impede?

Em casa que falta pão todo mundo briga e ninguém tem razão. Em clube em que não existe futebol de qualidade todo mundo reclama e os responsáveis preferem o silêncio. Autêntico gol contra.

(Elias Aredes Junior-com foto de Thomaz Marostegan-Guarani Press)