Ponte Preta, campanha decepcionante e as lições que poucos querem aprender

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A Ponte Preta está na zona intermediária da classificação com 10 pontos ganhos. As aparências enganam. O time comandado por Felipe Moreira é mal treinado e mal posicionado. O quadro é ruim. Tenebroso. Nos últimos cinco jogos, incluindo o clássico com o Guarani, a Macaca somou cinco pontos: empates no Moisés Lucarelli contra o principal rival e diante do Sampaio Côrrea e derrotas para Londrina e Mirassol, além do triunfo contra o Vila Nova (Go)Algo martela na cabeça do torcedor: de quem é a culpa? Quem é o responsável? Os atores são diversos e não podem ser ignorados.

Um dos protagonistas é o técnico Felipe Moreira. Após nove jogos sob o seu comando, é impossivel deixar de lado o artificio da comparação. Mas eu não comparo Felipe Moreira com o Hélio dos Anjos da Série A-2 do Campeonato Paulista. Seria uma estúpida covardia. Hélio colocou a faixa no peito ao enfrentar equipes fracas e que quase não ofereciam resistência. E diante do único integrante da Série B, o veterano treinador não levou a melhor: foram dois empates, uma derrota e um triunfo nos pênaltis.

Agora, e se compararmos Felipe Moreira com o Hélio dos Anjos da Série B do ano passado? Para começo de conversa, a pontuação não era muito diferente. O time atual tem 10 pontos. O do ano passado estava com nove e era o penultimo colocado. Você apressadamente você pode dizer que Felipe Moreira é perseguido injustamente porque esse recorte demonstra que não há diferenças.

Lembra quando eu disse que as aparências enganam? Pois nas nove rodadas restantes do primeiro turno, a Ponte Preta disputou 27 pontos, ganhou 13 e terminou com 22 pontos e na 14ª colocação, com dois pontos acima do CSA, que abria a zona do rebaixamento e que foi rebaixamento. Mas mesmo quando estava na pior, a Alvinegra do ex-treinador tinha um futebol ofensivo, destemido, que marcava sob pressão, que sufocava o adversário e que não desistia da peleja. E foi com essa fórmula que a Ponte Preta terminou a competição na 12ª colocação com 49 pontos. Ou seja, fez mais pontos no returno, quando ficou com 27 pontos e na 11ª colocação.

Pois bem. Cabe perguntar: que elementos o trabalho de Felipe Moreira fornece para acreditarmos de que a Alvinegra vai somar mais 12 pontos e ficar fora da zona de risco? Quais fatos concretos, factíveis?.

O time agride o adversário? Não. Marca sob pressão e exibe viradas de jogo, triangulações e jogadas de penetração? Não. Quando o time retoma a posse de bola, existe um mecanismo treinado de contra-ataque, em que dois ou três jogadores participam e finalização a jogada? A resposta também é negativa. E os laterais? Mostram capacidade de exibir versatilidade ofensiva ou atuam em dupla? Tipo o que fizeram Guilherme Biro e Chico Kim na partida de sábado. Tem algo parecido? Não precisa pensar muito para chegar a resposta. É não.

Não adianta dizer que vai “moer” o interlocutor com argumentos ou ridicularizá-lo a ponto de virar o jogo na opinião pública. Não adianta ficarmos aqui com discussões estéreis e sem sentido. O que está exposto é claro e cristalino: a Ponte Preta pode até empreender uma reação, terminar a Série B entre os quatro primeiros colocados ou revelar talentos para a Seleção Brasileira. Um fato inequívoco: o futebol desta Ponte Preta treinada por Felipe Moreira tem repertório pobre, sem imaginação e incapaz de fornecer qualquer esperança ao torcedor.

Neste contexto, também não basta culpabilizar somente o treinador. Se ele está lá é porque alguém lhe banca. Alguém que montou o time, deu aval para as contratações e tais medidas ainda não surtiram efeito. Sim, a responsabilidade é da Diretoria Executiva, de seus integrantes e do seu presidente Marco Antonio Eberlin.

A Ponte Preta passa por um instante delicado do ponto vista financeiro? Concordo. O poderio financeiro está prejudicado? De acordo. Um fato é o cenário descrito, outro é o que foi prometido para mudar o cenário. Quando você participa de um processo eleitoral, você estabelece um pacto com o eleitor e no de clube o acordo é com sua torcida. Estabelece metas, faz promessas de nova realidade e precisa alterar tal quadro sob pena de testemunhar tudo virar pó.

Fato: o MRP prometeu que em curto espaço  (ou médio ou longo) de tempo que faria uma Ponte Preta moderna e diferente. A situação caótica já era realidade. O que mudou? O que dá para sentir no dia a dia do torcedor que lhe forneça esperança?

Era pior do que se imaginava? Ok, então que se converse com a torcida diuturnamente. Explique o quadro e  dirija-se ao seu público de maneira desarmada, com voz conciliatória e entendendo as criticas. Se for de uma, dez ou de 100 pessoas. Com disposição de conflito não há como colher a paz. Sem eficiência e competência, não existe saida para melhorar a competividade. Sim, são conceitos simples, mas que deveriam ser aprendidos por Felipe Moreira, Eberlin, integrantes do Conselho Deliberativo e por todos que vivem e respiram a Ponte Preta. Antes que seja tarde demais.

(Elias Aredes Junior-Com foto de Marcos Freitas-Agência Mirassol)