MP da televisão pode ser uma armadilha para Ponte Preta e Guarani. Saiba os motivos

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Este Só Dérbi sempre entrevista especialistas no mundo dos negócios do esporte. São detentores de conhecimento precioso para quem deseja um futebol profissional, com planejamento e calcado na ciência. Decifram tendências e esclarecem sobre pontos que muitas vezes passa despercebido do grande público.

Mesmo eles podem errar em suas avaliações. Digo que, apesar deles comemorarem a Medida Provisória relativa a mudança da comercialização dos direitos de transmissão, o fato é que o quadro fica tenebroso para Ponte Preta e Guarani.

Caso o projeto seja aprovado no Congresso Nacional, todo o cuidado será pouco para que não corram perigo de insolvência ou de irrelevância esportiva.

O motivo é claro: a MP empurra as equipes médias e pequenas ao abismo. Tanto bugrinos como pontepretanos utilizam as cotas de televisão para empurrarem com a barriga. Com as negociações individuais, o dinheiro vai minguar. E as dividas vão voltar com força total. Como o Guarani vai montar um time minimamente competitivo com uma montanha de dívidas tributárias e trabalhistas?

Se consegue pagar atualmente é porque tem o dinheiro da TV. Sendo claro: que interesse a televisão terá em transmitir Guarani e Mirassol? Pode até ter. Mas o interesse será bem menor. O dinheiro também.

Raciocínio serve para a Ponte Preta com um adendo: sem cota de televisão, o time dependerá mais do que nunca da boa vontade de Sérgio Carnielli. E se ele não quiser investir? De onde virá o dinheiro? Traduzindo: a verba só aparecerá quando a Macaca receber os gigantes. Pior: na Série B, quando o contrato vencer, é torcer para que algum time grande esteja presente. Caso contrário, serão migalhas.

Dizer que a montagem de plataformas digitais é a saída transforma-se em raciocínio míope.

Concordo que isso pode dar resultado em Porto Alegre, em que Grêmio e Internacional dividem as paixões e opiniões. Ou em Belo Horizonte, com Atlético Mineiro e Cruzeiro na crista da onda. Ou até cidades muito específicas, como Chapecó, Cricíuma, cuja as comunidades giram em torno das equipes.

Como acreditar em êxito na cidade de Campinas, com duas equipes que somadas não formam uma média de público de 10 mil pagantes? E ainda precisam disputar a preferência com o Corinthians, com 20% da preferência?

Solução? Que o Congresso Nacional cumpre o seu papel e faça audiências públicas e reuniões para discutir a Medida Provisória em profundidade e analisa o quadro vivido por cada clube das Séries A, B, C e D.

Este Só Dérbi não é contra a essência da medida. Mas democracia se faz com debate, discussão e com busca de alternativas. Impor medidas goela abaixo não faz bem a ninguém.

(Elias Aredes Junior)