O drama atual da Ponte Preta: excesso de chefia e escassez de comando

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A Ponte Preta tem a estrutura de uma empresa das décadas de 1970 e 1980: cheia de comandantes e lenta para a tomada de decisões. Quem entra no estádio Moisés Lucarelli durante a semana fica até perdido com tantas pessoas com cargos e distinções. Começa pelo presidente de honra, Sérgio Carnielli, cujo poder de influência é notório; a diretoria executiva é comandada por José Armando Abdalla e tem como auxiliar prioritário o ex-vereador e ex-deputado Sebastião Arcanjo, o Tiãozinho.

No departamento de futebol profissional, o processo de decisão é tão compartilhado que chega a esfarelar. Temos o diretor de futebol Ronaldão e o executivo de futebol Marcelo Barbarotii. Com tanta gente para mandar, ordenar, determinar e planejar, a pergunta fica no ar: por que as decisões são adotadas de modo tão lento e as diretrizes poucos conhecem? Por que duas derrotas na largada da Série B produzem apatia ao invés de reação na diretoria?

O histórico justifica o argumento. Quando a Ponte Preta foi rebaixada e Eduardo Baptista teve aproveitamento de 28%, a sua continuidade ficou comprovada que tinha sido um erro. Falta de padrão de jogo, ausências de vitórias em casa e pobreza técnica absurda: a briga contra o rebaixamento soou como algo natural. Brigatti fez um feijão com arroz sem sal e faturou o título do interior. Que a diretoria aproveitou para utilizar como cortina de fumaça.

E radicalizou na falta de informações. Duro não é perder de Paysandu e Londrina em casa e faturar três pontos contra o Criciúma graças às defesas do Ivan. O que é difícil de aceitar é a falta de informação sobre qual o real objetivo na temporada. É subir? Lutar para fugir da terceirona nacional? Ou batalhar por ficar no meio da tabela? Ninguém sabe, ninguém. A Alvinegra tem quase uma dezena de pessoas com cargos e ninguém adota um discurso claro e cristalino sobre as reais condições da equipe.

Não discordo das pessoas que acreditam em uma reviravolta contra Flamengo e Guarani. São dois jogos com alta carga de pressão e o time, apesar de notórias limitações, respondeu bem a esse cenário em diversas ocasiões.

Só que a temporada não acaba no sábado às 21h, após o duelo com o rival. Nem o jogo diante do rubro-negro carioca será a final da Copa do Brasil. Temos, isso sim, mais seis meses de competição pela frente e o torcedor pontepretano tem ojeriza do presente e nutre pavor pelo futuro.

Abdalla, Carnielli, Ronaldão, Tiãozinho e Barbarotti. Quem terá capacidade de matar no peito, encarar a adversidade e jogar limpo e cristalino com a torcida? Quem saberá entender o espírito do torcedor pontepretano, ávido por conversar com os cuidadores do seu patrimônio?

A diretoria anterior, comandada por Vanderlei Pereira, foi trucidada não só pelos resultados, mas pela incapacidade de se comunicar e conversar com o torcedor. Parece que a nova direção quer seguir pelo mesmo caminho. Uma lástima.

(análise feita por Elias Aredes Junior)

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