O Guarani está refém de Fumagalli ? Ou é uma nova vítima da Pós-Verdade?

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Vivemos em tempos de fatos alucinantes. Tudo muda em um piscar de olhos. O internauta e o cidadão são convidados a analisar, acompanhar e refletir em tempo recorde. Sem tempo para pausas.

Veja o Guarani. Jogou na sexta-feira contra o União Barbarense. Viu o técnico Ney da Matta substituir Fumagalli aos 17 minutos do segundo tempo e presenciar a contrariedade do armador. Partida encerrada, vitória por 2 a 0 e o técnico não dá entrevista coletiva por encontrar-se afônico. Azar. O assunto já estava na boca do povo: o camisa 10 em rota de colisão com o comandante.

Novo dia e o Conselho de Administração decide demitir Ney da Matta. Horley Senna é voto vencido. Duas horas depois, Maurício Barbieri é anunciado como substituto. Poucos perceberam, mas a luta agora é para evitar a instalação da Pós-Verdade no Brinco de Ouro. O que significa a  expressão ? De acordo com especialistas e pela descrição no Wikipedia é um neologismo que descreve a situação na qual, na hora de criar e modelar a opinião pública, os fatos objetivos têm menos influência que os apelos às emoções e às crenças pessoais.

Temos os fatos objetivos: Ney da Matta não agradou ao Conselho de Administração e foi trocado. Qual a emoção e a crença? A de que Fumagalli manda e desmanda no Guarani. De que os técnicos não tiveram coragem de colocá-lo no banco de reservas por temer uma retaliação. Sabia que não corresponde a verdade? E explico com números: O técnico Marcelo Chamusca escalou Fumagalli em 23 oportunidades na Série C do Brasileirão e em nove oportunidades substituiu o jogador. Traduzindo: em 39,1% dos jogos, o camisa 10 não disputou os 90 minutos.

Fumgalli é importante, tem seu nome gravado na história do Guarani, mas o departamento de futebol, comandados por Marcus Vinicius Beck Lima e Anaílson Neves podem e devem colaborar para dissipar tal impressão e ainda preservar o atleta e ajudar o novo treinador bugrino.

A estratégia adequada é comparecer de modo assíduo as entrevistas coletivas para justificar medidas e comprovar o comando no departamento. Há duas semanas, o próprio Fumagalli deu uma entrevista com mais dúvidas do que certezas em relação ao seu conceito sobre Ney da Matta. Declarações imediatas dos diretores de futebol sobre o papel de cada um colocaria tudo no seu devido lugar. Como o silêncio impera, as versões são espalhadas ao bel prazer e se transformam em fatos. Típico da pós-verdade.

Ainda há tempo de reconstrução. Um bom trabalho pode ser construído até com o time que está contratado. Que precisa atuar com raça, determinação e transparência. E derrotar os adversários e a Pós Verdade, o mal que já corrói a sociedade e quer atingir o Brinco de Ouro.

(análise feita por Elias Aredes Junior)