Por que a união de Atlético-PR e Coritiba não é reproduzida no futebol campineiro?

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Ponte Preta encontram-se em divisões diferentes tanto no futebol brasileiro como em âmbito regional; não se encontram no gramado há quatro anos e por enquanto não há perspectiva do reencontro. A diferença de orçamento das duas equipes é gritante, quase pornográfica.

Mesmo assim, os dois clubes campineiro têm o que aprender após a atitude inédita de Atlético-PR e Coritiba, que se retiraram de campo porque a Federação local não permitiu a transmissão por You Tube e Redes Sociais do clássico marcado para a Arena da Baixada. Queiramos ou não, um ato revolucionário, cujas as consequências mediremos com o passar do tempo.

Algumas conclusões são apuradas. A principal é a de que os dois rivais paranaenses só obtiveram um fato de tamanha repercussão devido a união fora do gramado. Rivalidade, apenas em campo. Por que? Simples: futebol é negócio. Gera milhões ou bilhões de reais. Muito mais fácil negociar em conjunto do que individualmente. Ainda mais pelos monstros como Flamengo e Corinthians que abocanham mais e mais ano após ano.

Claro, a pergunta surgirá: como Ponte Preta e Guarani podem ser unidos com tantos obstáculos descritos? Antes um esclarecimento: as duas diretorias, sem exceção, tem atitudes equivocadas e espatafúrdias em relação a rivalidade. Na Ponte Preta, o presidente Vanderlei Pereira, como já disse anteriormente, não sabe a hora de falar sobre o tema. E quando fala comete uma gafe atrás da outra. É impopular e disse algo que não deveria. Ou seja, não que desejava fazer negócios conjuntos e sim, que de uma forma ou de outra desejava ver o rival no mesmo patamar que a Macaca. Uma infelicidade sem tamanho diante do sentimento do torcedor pontepretano. Detalhe: ignorar o rival ou querer eleger outro é perda de tempo.

O Guarani não fica atrás. Horley Senna lança frases sem sentido e provocativas. Levam mais amargura do que profissionalismo. Não acrescenta nada ao debate e de modo indireto coloca fogo no espiral de violência.

Poderia ser diferente. Com maturidade e sem ferir suscetibilidades.  Vou enumerar abaixo três assuntos que independem de rivalidade e que poderiam receber uma ação conjunta dos dois clubes.

Transporte- Futebol não é esporte de ricos. É do povo. Do trabalhador. Que geralmente não tem carro. Depende do ônibus para se locomover. Toda semana é disputado pelo menos um jogo em Campinas. Torcedor sofre com a espera, a condição dos ônibus, o preço das passagens. O que impede os representantes das duas diretorias de procurarem a Transurc e a Emdec e pedir um esquema especial nas imediações do Brinco de Ouro e do Majestoso assim que as partidas são encerradas? Os pedidos individuais, dos clubes em separado, não são um bloqueio para um resultado mais efetivo? Aposto que sim.

Pirataria- A Ponte Preta tem uma loja oficial. O Guarani idem. Vendem produtos que geram recursos e riquezas aos cofres. Este é o mundo ideal. No cenário modelado pela hipocrisia, as ruas de Campinas estão cheias de vendedores com produtos não licenciados: camisas, calções, agasalhos…Dinheiro que escorre pelo ralo. Uma ação conjunta dos dois clubes com Policia Civil, Policia Federal não seria de bom grado? Pense.

Datas dos jogos- O fato mais corriqueiro é a CBF ou a Federação Paulista marcar dois jogos no mesmo dia e com horários próximos de pontepretanos e bugrinos. Demora dias e dias até que tudo fique normal. Não seria ideal que os dirigentes, em conjunto já avisassem com antecedência aos órgãos responsáveis? Constrangimentos não seriam evitados ?

 

Duro é constatar que a rivalidade nos gabinetes é exercida de modo tão cego e inadequado que até o óbvio é ignorado. Enquanto isso, Atlético-PR e Coritiba dão lições ao Brasil e a cidade de Campinas. Durma-se com um barulho desses.

(análise feita por Elias Aredes Junior- Foto: Rede Brasil Atual)