Os frutos da vitória da Ponte Preta sobre o Ituano: limitação, teimosia e esperança. Leia e entenda!

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A Ponte Preta venceu o Ituano por 2 a 1 e respirou momentaneamente na Série B do Campeonato Brasileiro. Ao assistir aos 90 minutos disputados no estádio Novelli Junior cheguei a conclusão de que três palavras não vão sair do vocabulário pontepretano até o final da Série B do Campeonato Brasileiro: limitação, teimosia e esperança.

Vitória contra o Ituano não vai mudar algo a vista de todos: o time é limitado. Fraco. Está fadado a disputar a parte debaixo da classificação da segundona nacional. Ontem a defesa foi impecável. Mas lembre-se que jogaram Thiago Oliveira e Fábio Sanches.

E quando precisar acionar o banco de reservas? Fabricio, o reserva imediato, é confiável? Eu, você, todos nós sabemos a resposta. Também temos conhecimento de que Felipe Amaral hoje é insubstituível. Fraga teve atuação correta, é verdade, mas calcada na força física. Assim como a limitação técnica da equipe é espelhada na dependência em relação ao atacante Lucca. Fez dois gols, demonstrou engajamento com a camisa e decidiu um jogo vital. Mas fica a pergunta: e quando não puder jogar? Quem vai desempenhar o seu papel? Ninguém.

Absolutamente ninguém. Ficar na dependência de um único jogador não deixa de ser um erro de planejamento do departamento de futebol profissional.

A equipe continuará limitada até o final da competição pelo erro da montagem do time, que não tem um meia armador clássico. Fessin e Ramon quebram o galho. Compensam a inaptidão para a função com muita garra, dedicação e superação. Mas é pouco, muito pouco para quem deseja buscar a permanência na segunda divisão. Uma vitória não apaga as carências crônicas de uma equipe sem potencial técnico amplo.

A vitória reforçará a presença da palavra teimosia. Um dos significados da palavra é a perseverança ao perseguir um objetivo. Também está ligada a obstinação de atingir uma meta. E neste requisito não há como negar que a vitória em Itu certamente deu fôlego e combustível para que o presidente da Ponte Preta, Marco Antonio Eberlin, continue em sua cruzada de jamais descartar os métodos antigos reinantes no futebol brasileiro e apostar na Ciência do Esporte em doses homeopáticas. Ou seja, misturar o antigo com o “novo futebol”. Vencer uma agremiação que tem gestão empresarial, que é o atual campeão da Série C, é um belo cartão de visitas. Mais: para seus apoiadores, a vitória é um “presta atenção” as pessoas que duvidam da capacidade de Eberlin de conduzir de maneira competente o clube na Série B do Campeonato Brasileiro. É uma guerra surda, silenciosa e que é travada em cada post em redes sociais, em aplicativos de mensagens e no dia a dia do clube.

Na visão de Eberlin, é preciso comprovar por A mais B que sua metodologia é a mais válida. É preciso arrancar do gramado os argumentos necessários de que as pessoas formadas no futebol de maneira empirica também tem valor e podem apresentar bons resultados. Só considero que esta é uma guerra temerosa. Se vencer, mesmo com triunfo na Série B, acredito que as feridas que serão deixadas no caminho serão tão gigantescas que não compensam o esforço . É, a vitória sobre o Ituano coloca água na fervura na luta contra o rebaixamento mas põe combustível nesta guerra futebolística travada por Eberlin contra o mundo do futebol e a oposição pontepretana.

A vitória também produziu esperança. Os três pontos conquistados deram uma luz no fim do túnel de que a Ponte Preta tem força e capacidade, dentro de suas imensas limitações, a bater adversários com mesmo patamar técnico e físico. Mais: a presença da torcida nas arquibancadas do estádio Novelli Junior comprovou que o time, os jogadores, têm um parceiro de todas as horas. Na hora do sufoco, da pressão empreendida pelo Galo, a torcida nunca jamais deixou de incentivar. É esse espirito guerreiro, produzido das arquibancadas é que podem fazer a Macaca sorrir aliviada no primeiro final de semana de novembro.

Esperança que pode ser um escudo contra o pessimismo. O campeonato é disputado. Equilibrado. Cada partida vale ouro. E a oscilação é normal. Sequências de empates e derrotas podem surgir. Especialmente quando se tem um time tão limitado e com carências técnicas claras. Produzidas a partir das escolhas da dupla formada por Luis Fabiano e Marco Antonio Eberlin. Mas o que importa é jamais perder o foco e o otimismo de que tudo pode ser melhor. Especialmente na Ponte Preta, um clube formado por gente que quer ser feliz.

(Elias Aredes Junior