O técnico Osmar Loss tem justificado que o fechamento dos portões nos treinos do Guarani são relativos a privacidade. Precisa repreender um jogador e que as vezes isso pode ser interpretado de maneira errônea pela imprensa e virar manchete.
Lamento. Vou além: tenho pena de Osmar Loss. Deve ser duro viver e trabalhar desconfiando de tudo e de todos. Vislumbrar Teoria da Conspiração em cada canto do estádio Brinco de Ouro. Considerar-se acuado e pronto para ser engolido pelo inimigo oculto.
Sua atitude demonstra a perda de afeto no futebol. Lembro no início da minha carreira, em 1995 ou 1996, em que técnicos como Carbone, Carlos Alberto Silva e até o sistemático Cilinho não só abriam os treinos como tinham uma relação amistosa com os jornalistas. Conversavam sobre o jogo bola, mas também sobre a vida, aquilo que pretendiam em médio e longo prazo com a equipe.
Não, jornalista não é parceiro de treinador. Ele deve sim fazer um julgamento justo do trabalho da Comissão Técnica. E abrir os treinos não é ato de bondade. É um instrumento para que profissional de imprensa chegue a conclusão mais adequada possível.
O “moderninho” de plantão pode alegar: ah, mas na Europa todo mundo faz treino fechado. Eu respondo: e daí? Por que esse complexo de vira latas? Porque tenho que seguir os padrões dos outros?
Alguns podem alegar que o método profissional de Loss. Pode ser. Só que existe algo mais profundo. É a prova cabal de que a fase do futebol de antigamente, em que você nutria relações fraternas acabou. Loss e todos da nova geração transmitem a sensação de que os atletas são robôs que cumprem ordens e nós, jornalistas, somos inimigos, que podemos transmitir um vírus letal no futebol: a verdade. Triste.
(análise feita por Elias Aredes Junior)