Parte da torcida não quer Roger na Ponte Preta. Como explicar?

0
1.695 views

Nomes são especulados na Ponte Preta para a disputa do Campeonato Brasileiro.. Um nome surge naturalmente, a do atacante Roger. Aos 31 anos, o atleta nascido em Campinas e revelado pela Alvinegra em 2003 vive boa fase técnica, com oito gols anotados no Paulistão e boas performances com a camisa do Red Bull. Uma parte relevante da torcida da Macaca não quer nem ouvir falar o nome do atleta, apesar de ter sido revelado nas categorias de base e registrar boa passagem no ano de 2012 quando jogou por 43 vezes e anotou 16 gols. Convenhamos: não é uma marca desprezível.

O retrospecto positivo é insuficiente para apagar dois episodios da memória do pontepretano. O primeiro foi em 2010, quando Roger era pertencente ao São Paulo e foi emprestado ao Guarani. Logo que chegou, nos primeiros dias, ao participar de uma atividade no CT ao lado do Brinco de Ouro, Roger teve que sair do gramado e atender uma torcida organizada que pediu para tirar uma foto com a camisa bugrina  e ao lado dos torcedores. Solicito, educado e ponderado, Roger não titubeou e fez a foto. Afinal, ali não estava o torcedor de futebol da Ponte Preta e sim o profissional de futebol. Dias depois da foto, Roger definiu sua transferência ao Kashiwa Reysol, do Japão. Mas a cena permaneceu.

Quando voltou ao Estádio Moisés Lucarelli, em 2012, a mágoa parecia resolvida. Ledo engano. Na semifinal do Campeonato Paulista, no dérbi contra o Guarani, Roger teve a chance no segundo tempo de fazer um gol e liquidar a partida. O chute parou nas mãos do goleiro Emerson e deu força para a vitória bugrina por 3 a 1.

Incrível imaginar que se de um lado a torcida pontepretana ficou magoada, Roger seguiu sua carreira de modo normal, com boas exibições no Ceará, Sport e especialmente na Chapecoense, em que atuou por 26 vezes e marcou 12 gols no ano passado.

Pois este jogador teria tudo para oferecer bons serviços a Ponte Preta. Está dentro da faixa salarial da Macaca – salários de no máximo R$ 100 mil -, conhece o clube, a torcida e o próprio Campeonato Brasileiro. Ainda assim, parte da torcida não quer.

Bem, neste caso devemos tirar o fanatismo do gramado e utilizar a razão. A Macaca terá um aumento de cota de participação na televisão, mas o dinheiro não é para ser rasgado. Mais: impensável imaginar o pagamento de um salário de R$ 250 mil, R$ 300 mil para um jogador balançar as redes. O estouro de orçamento seria fatal.  

A diretoria errou ao deixar escapar duas alternativas no mercado. A primeira foi Rafael Moura, que começa adaptar-se ao Figueirense e com uma boa negociação poderia enquadrar-se em faixa salarial aceitável. A outra é William Potker, atacante de beirada e autor de sete gols pelo Linense. Consequência: o Corinthians não vê a hora de concluir o negócio.

Nunes? Kieza? Alan Kardec? Walter? Ou estão aquém do padrão técnico da Ponte Preta ou encontram-se muito acima do padrão salarial, um cenário que só pode mudar se o presidente de honra, Sérgio Carnielli, resolver colocar a mão no bolso. Por enquanto, não há sinal de que o dirigente tomará tal postura. Na Serie A-2, Thiago Santos é o artilheiro do Bragantino com 11 gols e Eliandro do Batatais anotou nove. Na Série A do Brasileirão seriam apostas. O torcedor pontepretano toparia a experiência.

Como a diretoria vacilou e não fechou com centroavantes e atacantes que possam servir de opção ao irregular Wellington Paulista, não restou saída que não seja tentar com Roger ou apostar em Wellington Paulista ou algum outro nome alternativo. Fora disso, é flertar com a irresponsabilidade financeira.

(análise feita por Elias Aredes Junior- Foto-Divulgação Red Bull)