Ponte Preta vive o abismo entre a prática e o discurso de um time campeão

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A justificativa de um Campeonato Paulista complicado, até mesmo para os grandes, pode até colar pra explicar o início de ano complicado da Ponte Preta, mas não condiz com o discurso e a ideia de que a Macaca entraria para ganhar o Paulistão. O que dói na alma do torcedor é saber que o título estadual é algo real e palpável, mas que nesse momento passa longe do Majestoso.  A campanha que a Ponte realiza no Campeonato Paulista é a prova de que discursos otimistas não entram em campo. É preciso ir além do desejo interno de ser campeão.

A palavra OUSADIA não entrou no vocabulário de quem comanda a Ponte. Se por um lado a política de pés no chão faz jus ao momento que vive o futebol e a economia, por outro, limita passos maiores que o clube poderia dar com relação a realmente montar um elenco qualificado que brigue por títulos. Pensar em título brasileiro é loucura, mas é justamente o relaxo dos grandes no Paulista que deixa o torcedor pontepretano com a pulga atrás da orelha.

Com um pouco mais de ousadia, o primeiro título seria algo real, sabendo que times como Ituano (que sonha com o tri), São Bento, Red Bull e Ferroviária brigam por igual com os gigantes Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Santos, sendo que alguns desses sequer disputam uma divisão nacional.

Se as pessoas dentro da Ponte Preta se julgam e até já deram provas de serem competentes, como justificar um campeonato pífio em que vemos o marasmo dos grandes e equipes sem divisão tendo destaque, enquanto a Macaca – time de série A nacional – ainda pena para se manter na elite do Paulistão que nesse ano conta com forças como: São Bento, Audax, São Bernardo, Linense, Oeste, Água Santa, Novorizontino, Rio Claro e Capivariano?

O maior vexame da história da Ponte Preta pode acontecer em 2016, ano que marca o segundo ano do time no retorno a elite nacional, a maior cota de TV, o maior patrocínio máster e uma elite estadual que sequer conta com Guarani, São Caetano, Bragantino, Santo André, Portuguesa e Paulista – clubes tradicionais que jogam a série A2.

Mudar o discurso de “Paulista é laboratório” não altera a prática, caso atitudes diferentes não sejam tomadas. O que vimos em 2016 foi uma reprise dos últimos anos, apenas com falas que transmitiram uma falsa esperança ao torcedor. O enredo dentro de campo é o mesmo: troca de treinador, apostas e jogadores em baixa. Velhos erros somado ao novo erro de vender um discurso de campeão, que deixa o torcedor longe de confiar em quem está por trás da Ponte.

Os elogios pela montagem da equipe que surpreendeu no ano passado, vão por água abaixo se neste ano a equipe der vexame nas competições que disputar. A impressão que ficará será de que em 2015 as coisas aconteceram muito mais por um golpe de sorte do que competência.

Por isso, esse é momento de novas ideias. Descartar o velho e apostar na ousadia de montar um time que traga de volta o torcedor ao estádio. Nos últimos anos, bons jogadores se mostraram dentro da Ponte, mas nenhum chegou com o status de mega-contratação. O atacante Thiago Ribeiro, que vai disputar a série B pelo Bahia, é um exemplo entre muitos que chegariam com o status de grande reforço.

É preciso admitir que contratações como Reinaldo e Jonas foram acertadas em meio a alguns equívocos. Mas para o Brasileiro é preciso mais.

É preciso acertar o momento de se escolher um investimento certeiro. No final do ano passado a Ponte investiu na compra dos direitos do jovem Clayson, que nunca chegou a fazer um grande jogo pelo clube. Eis que em 2016, fica evidente que o atleta ainda não está pronto, inclusive com o próprio técnico Gallo admitindo o fato. Seria mesmo o investimento certo a ser feito

Uma coisa é certa, enquanto o time for remontado ano após ano, será impossível vender um discurso diferente do “Paulista é laboratório”.

(Texto e análise por Paulo do Valle)

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