Ponte Preta e a necessidade de apostar na racionalidade. Sem heróis ou atitudes quixotescas

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O futebol é cheio de mantras e clichês. Frases feitas para acobertar a mediocridade ou para perpetuar o caos e o improviso. Se a direção da Ponte Preta seguisse a fórmula pronta dos adeptos do tradicionalismo e sem base na evolução do esporte, Fábio Moreno não seria mais técnico da Ponte Preta após a eliminação da Copa do Brasil para o Coritiba. E automaticamente não iria saborear o triunfo de 3 a 0 sobre o Santos. Aliás, você cravaria que a conquista dos três pontos seria possível sem a atual comissão técnica?

Uma comprovação de que vale apostar na continuidade do trabalho e nas turbulências da vida. Uma tese que não mudará caso a Macaca fique fora das quartas de final e dispute o Torneio do Interior. Ou seja derrotada na segunda feira pelo Red Bull Bragantino em Bragança Paulista.

Futebol é processo. Como em qualquer área da vida. Quem entra em curso universitário no primeiro ano tem um determinado entendimento da profissão; no ultimo ano, a compreensão é outra. Conhecimento acumulado. Vale até para o jornalismo, que por vezes insiste em desprezar a abordagem acadêmica. É assim em Medicina, Arquitetura, Engenharia…Por que no futebol seria diferente?

Fábio Moreno vai errar? Sim. Muito. Assim como Moisés, Camilo, Léo Naldi, Niltinho ou qualquer outro integrante do elenco. São humanos. A evolução é pela repetição, convivência, entendimento e o ajuste proporcionado pelo dia a dia.

Nem vou falar dos gigantes. Pense no América Mineiro, Brasil de Pelotas, Londrina, Athletico-PR, Chapecoense….Em algum instante de suas histórias, essas agremiações abrigaram trabalhos de longo prazo e colheram os frutos. Oscilações? Resultados ruins? Lógico. O que prevaleceu foi a crença no conjunto da obra.

A Ponte Preta tem a chance única de bancar um trabalho institucional. Que pode ficar a salva de erros de diretoria e disputas políticas.

Pode colher fracassos? Pode. Só que está na hora da Ponte Preta deixar de acreditar em salvadores da pátria e apostar em uma história com começo, meio e fim. Contratar profissionais que se encaixem em uma filosofia de jogo e não na varinha mágica. Uma convicção que produza frutos que a torcida tenha prazer em saborear na hora da colheita.

(Elias Aredes Junior)