Ponte Preta: uma derrota e duas visões diferentes

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A Ponte Preta perdeu do Santos por 3 a 1 e permanece com 23 pontos ganhos. Uma parte relevante da torcida pontepretana ficou satisfeita pela atuação na Vila Belmiro e considerou injustas as críticas emitidas por diversos jornalistas, inclusive este que vos escreve. Normal. Faz parte do conceito de que futebol “é ponto de vista”.

O argumento encaminhado é de que foi registrado um volume de jogo interessante no segundo tempo e que oportunidades foram criadas. Apenas por uma questão de eficiência o jogo não foi empatado. Lógico, na entrevista coletiva a visão foi chancelada pelo técnico Eduardo Baptista.

Respeito quem pensa assim mas discordo. É preciso entender a maneira de atuar do Santos. Baseado no toque de bola, na troca de passes incessante e na busca da velocidade para aproveitar a qualidade de Gabriel, Ricardo Oliveira e Vitor Bueno, a sua planificação é executada em duas etapas: a busca do gol nos minutos iniciais e posteriormente a concessão de espaço ao adversário para que ele tenha a bola no pé e o contra-ataque fique a sua disposição.

É arriscado? Sim, mas é algo que pode-se executar por dois motivos: um goleiro seguro (Vanderlei), zagueiros rápidos e com poder de recuperação (Gustavo Henrique e Luiz Felipe) e um volante categorizado (Renato).

Se o adversário não faz, o contra ataque fica oferecido. A Ponte Preta sentiu o veneno na plenitude: tomou o primeiro gol, ficou com a bola no pé e ofereceu o contra-ataque para abrir espaço aos dois gols restantes. Dificil encontrar somente pontos positivos em tal conjuntura.

Boa produção no futebol não quer dizer apenas boa produção individual e sim imposição de estilos. Em nenhum momento do confronto de sábado, o técnico Dorival Júnior não teve o seu planejamento atrapalhado.

Talvez o único momento de desconforto viabilizado pela Macaca foram nos 20 minutos iniciais, quando a Macaca, apesar do desacerto de seus volantes, tentava tocar a bola e cadenciar a partida, o que impedia a velocidade como sócia majoritária.

Para quem considera um exagero esta linha de análise, recorde o triunfo da Ponte Preta sobre o Santa Cruz por 3 a 0, no estádio do Arruda, no Recife. Na ocasião, a Macaca impôs seu estilo e matou o jogo no contra-ataque. Ou seja, impôs o seu estilo.

Fica a reflexão: o Brasileirão é disputado e equilibrado. Todas as equipes contam com trunfos e jogadores capazes de desequilibrar. A diferença está em quem consegue dominar as ações e impor o seu planejamento tático. O Santos fez a lição de casa. A Ponte Preta não. Simples assim.

(análise feita por Elias Aredes Junior- Foto de Ivan Storti-site oficial do Santos F.C)