Por que o Conselho de Administração do Guarani transmite a impressão de que apenas uma pessoa dá as cartas?

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O futebol é uma reprodução da vida em sociedade. Qualidades e defeitos. Erros e acertos. Heróis e vilões. O Guarani encontra-se em crise sistêmica há 17 anos. Acessos e rebaixamentos são responsáveis por retratar desacertos de gestão. Ou crises de vaidade com capacidade de corroer qualquer boa iniciativa. O Guarani caiu em um erro usual ocorrido na sociedade: não buscou sua salvação no trabalho coletivo, no planejamento e na busca de práticas corretas e organizacionais, sem ligação com grupos políticos.

Apostou tudo no clássico salvador da pátria. Uma hora foi José Luiz Lourencetti. Depois foi a vez de Leonel Martins de Oliveira. Marcelo Mingone ocupou o lugar na fila e deu espaço para Álvaro Negrão, que agora assiste Horley Senna sendo ora incensado ora destruído.

Neste período, uma mudança foi efetuada. O Estatuto ganhou nova roupagem e foi criada a figura do Conselho de Administração. Sete pessoas seriam encarregadas das decisões do dia a dia e para dar o norte do clube. Algo que já é feito no América Mineiro com nove presidentes no seu Conselho, todos com peso igual de decisão. No Guarani, existe a necessidade de eleger um presidente para o Conselho. Mas na época de formulação, o grupo de estudos garantia que ele não teria o poder do presidente de uma diretoria executiva. Tudo seria feito por consenso.

Aconteceu tudo ao contrário. Tanto Álvaro Negrão como Horley Senna centralizaram todas as suas decisões. O Guarani caiu no personalismo.

Os rumos do clube na mão de uma única pessoa. Se isso não for verdade, como explicar a falta de entrevistas e de declarações à imprensa de Ozéias de Jesus dos Santos, Assis Eurípedes de Oliveira,Carlos Aparecido Queiroz e Gustavo Moura Tavares , enumerados no site oficial como integrantes do Conselho de Administração? Por que não falam? Por que não assumem responsabilidades perante a torcida e a sociedade?

As reuniões do Conselho são realizadas? As deliberações acontecem por voto? Tudo isso é verdade. Mas o caudilhismo permanece.

No fundo, no fundo, dirigentes e boa parte da torcida do Guarani ainda acreditam que o fim do pesadelo acontecerá por ação de uma única pessoa. Um redentor capaz de produzir um conto de fadas eterno.

Horley Senna não deu certo? Viva Roberto Graziano! Ele não quer? Aposta-se na oposição. Detalhe: um cenário reforçado por componentes até da imprensa. Destrincho uma mea culpa. Nós jornalistas, temos uma parcela de culpa por que em todos estes anos, nunca tivemos capacidade de apresentar sugestões de gestão que pudessem se constituir em uma mudança de rumo. Recusamos por vezes opiniões e análises de gente antenada com o mundo da bola. Ficamos apenas nas quatro linhas. Não dá mais.

Uma prova? Basta dizer que este jornalista participou de dois eventos realizados no ano passado voltados para gestão no futebol, um na Unicamp e outro na Câmara de Valinhos. Quem compareceu? Este que vos fala e o meu antigo chefe, o narrador Alberto César. E sai dali convicto de que deveria lutar para aprender mais.

O futebol por vezes é decidido por uma única jogada. Fumagalli é a comprovação da teoria na prática. Só que a gestão depende de um trabalho coletivo, sem vaidades e dotado por vezes de articulação política e aglutinação. Os reformadores do Estatuto do Guarani fizeram sua parte. Pena que ninguém entendeu.

(análise feita por Elias Aredes Junior)

1 Comentário

  1. Anos de eleição sempre são complicados no Guarani. Será difícil esperar resultados expressivos dentro das quatro linhas.