Qualidades, defeitos e desafios da Ponte Preta na reta final do Paulistão

1
975 views

A Ponte Preta venceu o Palmeiras e produziu esperança no seu torcedor. Nas gestões Felipe Moreira e até do ex-goleiro João Brigatti tínhamos uma equipe sem uma cara convincente e uma pobreza tática gritante. Dois jogos foram suficientes para Gilson Kleina formular um esboço de estratégia para o restante do ano.

Para começar, a escalação de dois três volantes proporcionou segurança à zaga. Foram poucas as vezes que tanto Marllon como Fábio Ferreira ficaram no mano a mano com os atacantes palmeirenses. Ao colocar Elton e Jadson lado a lado e Ravanelli próximo dos dois cabeças de área, a Macaca resolveu provisoriamente um dos principais problemas do início do ano, o buraco existente no meio-campo e que deixava o time até com quatro atacantes e vulnerável aos contra-ataques do oponente. Ainda encontra-se longe do ideal, mas o avanço é nítido.

Só que alguns improvisos acarretaram em efeitos colaterais. O principal prejudicado foi Lucca, deslocado ao lado esquerdo não para puxar os contra-ataques e sim para auxiliar Jeferson na marcação do lateral-direito Fabiano e do atacante Roger Guedes. Se de um lado equilibrou o combate no setor esquerdo defensivo por outro privou a Macaca de contar com poderio ofensivo mais efetivo.

Mais: como Eduardo Baptista tenta implantar toque de bola no time palmeirense, um expediente usado de modo corriqueiro foi a inversão de jogadas próximo da grande área. Funcionava da seguinte forma: Fabiano, por exemplo, chegava no bico da área e invertia uma bola para o lado esquerdo, que imprimia velocidade ou buscava o arremate.

Resultado: a Ponte Preta tinha dificuldade em posicionar a defesa de maneira adequada quando acontecia a estratégia e em boa parte das oportunidades Aranha precisou ser acionado para evitar o pior. A exibição contra o Palmeiras deixou uma demanda no ar.

Por enquanto, na prática, a Macaca tem duas jogadas agudas pelos lados, seja com Clayson pelo lado esquerdo e William Pottker na direita. E quando o atacante apresentar-se ao Internacional, o que fazer? Não ficarei nem um pouco espantado se Kleina escalar Clayson e Lucca pelos lados e apostar no futebol de Yuri, cujo estilo agrada ao comandante: alto, forte, com bom aproveitamento no jogo aéreo e com chute forte.

Para os 180 minutos contra o Santos, Gilson Kleina deve buscar a construção de um meio-campo criativo mas também com poder de marcação para se contrapor ao futebol do volante Renato e do armador Lucas Lima. Que ninguém se iluda. Não será fácil. Mas uma parte (uma parte!) dos erros grosseiros parecem ter ficado no passado.

(análise feita por Elias Aredes Junior- Foto de Fábio Leoni-Pontepress)

1 Comentário

  1. Boa analise. Quanto ao Lucca ter jogado longe do gol acompanhando a subida do lateral palmeirense, é o que acontece muito com o Clayson. Realmente tem o ónus e o bónus. Com a posse de bola o time se transforma no 4-3-3 mas sem a bola no 4-1-4-1.
    Particularmente, eu prefiro um esquema que sacrifique menos os “pontas” como o que o Antonio Conte usa no Chelsea por exemplo. Porem, pra jogar com 3 zagueiros eles (zagueiros) tem que saber jogar com a bola nos pés e não apenas ser um rebatedor.
    Talvez o Gilson opte por barrar um dos três atacantes (Clayson, Lucca e Potker) para achar o equilibrio que busca e encaixar o Cajá no time.
    Não sei, é esperar pra ver.