Razão x Emoção: os desafios de Bruno Pivetti na direção do Guarani

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A confirmação veio no início da tarde desta segunda-feira, dia 27 demarço. Bruno Pivetti é o novo treinador do Guarani. Mas uma vez a direção aposta em técnicos jovens, com pouca estrada e que sejam estudiosos.

Por um lado você assegura um minimo de qualidade nos treinamentos e por outro não gasta rios de dinheiro como faria com treinadores renomados. Uma parte relevante da torcida discorda. Considera que pela história e estatura do Guarani no Brasil, ele deveria ocorrer um investimento pesado em um técnico de ponta. Mas o atual e o futuro Conselho de Administração pensam diferente.

Só que desta vez o enredo tem contornos inesperados.

Felipe Conceição, Daniel Paulista, Ricardo Catalá e Mozart nunca tiveram um envolvimento anterior com as cores do Guarani. O único que fugiu a regra foi Thiago Carpini, que tinha um passado como jogador e isso gerou identificação com as arquibancadas.

Bruno Pivetti é mais do que isso: é torcedor do Guarani.

Tal característica gera um sentimento de acolhimento perante os aficcionados pelo Guarani. Sim, é como se o torcedor pensasse que um dos “seus” está voltando para casa depois de uma jornada por terras estranhas.

Apesar de ser profissional, a esperança e expectativa é que Bruno Pivetti entenda os anseios do torcedor bugrino e que dentro da sua capacidade ele consiga administrar ele consiga presentear o torcedor com aquilo que ele deseja: um futebol alegre, ofensivo, criativo e que proporcione vitórias.

Voltar ao lar, encontrar-se no banco de reservas no clube em que sempre sentou no chão frio do cimento para torcer implica em alguns riscos. O principal é que emoção e a paixão fiquem acima da razão. E com isso toda planificação montada vai por água abaixo.

Sim, os treinadores vão dizer aos quatro cantos que isso é impossivel, que o profissionalismo é de alto padrão. Enganam-se. Por vezes, o irracional surge em nossa frente e não conseguimos evitar.

Bruno Pivetti tem histórias boas e ruins de treinadores com forte ligação com o Guarani e que sentaram no banco de reservas. Oswaldo Alvarez, o Vadão, jogou nos juvenis do Guarani e entrou para a história com o acesso em 2009 e o vice-campeonato paulista de 2012. Giba, lateral-direito de ofício, não negava sua paixão pelo Guarani e foi fundamental para o time escapar do rebaixamento na segundona nacional de 2011. Por outro lado, Evaristo Piza, bugrino declarado, não teve bom desempenho quando atuou na Série C de 2014.

Bruno Pivetti vem de um trabalho irregular na Chapecoense.

Seria injusto colocar holofotes neste trabalho e esquecer o desempenho na Série B do ano passado quando ficou dirigiu o Tombense e o time terminou na 15ª colocação com 45 pontos. Ou seja, cumpriu a sua missão.

Talvez, no fundo, este seja o desejo do Conselho de Administração do presente e do futuro: contar com um profissional que faça uma Série B sem sustos. Se for assim que seja alguém que ame o clube e que passe a entender porque o Guarani precise fazer neste momento campanhas modestas. Mesmo que a torcida não aceite. Cá entre nós: com toda a razão.

(Elias Aredes Junior com foto de Tiago Meneghini/ACF)