Sucesso de vendas de ingressos para o dérbi 204 comprova: é preciso mudar o conceito do programa de Sócio Torcedor

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Foi avassalador. Em menos de um dia , mais de 11 mil ingressos foram vendidos para o dérbi 204 entre Ponte Preta e Guarani, programado para sábado, dia 20 de agosto, no estádio Moisés Lucarelli. Uma vitória incontestável do presidente pontepretano Marco Antonio Eberlin, que lutou junto a CBF e na própria Federação Paulista de Futebol para que os ingressos fossem vendidos a 10 reais o bilhete inteiro e cinco reais a meia entrada.

Evidente que toda boa ação gera uma reação por vezes negativa. Uma delas foi o aparecimento dos cambistas que pegam os mesmos bilhetes e vendem ao preço de R$ 30 de acordo com relato de torcedores nas redes sociais.

Um comportamento inadmissivel e que comprova a fraqueza do setor público para fiscalizar os procedimentos inadequados estipulados pela lei.

A principal chiadeira vem dos torcedores que participam do programa de Sócio Torcedor. Eles argumentam que diante do nosso processo de promoção de ingressos não existe sentido em pagar uma quantia elevada para participar do programa.

Penso que está na hora de tocarmos em uma ferida que poucos querem abordar: o atual mecanismo de Sócio Torcedor não é adequado para o perfil de um clube como a Ponte Preta.

Não sou eu quem diz isso.

É a história.

Cito o ano de 2013, quando a saga da Sul-Americana foi viabilizada quando os dirigentes de ocasião fixaram o preço dos ingressos em R$ 1 e R$ 2. O Majestoso transbordou de gente e deu o combustível para o time passar por Velez, São Paulo e fazer a final contra o Lanus.

A estratégia também foi adotada no Campeonato Brasileiro daquele ano e com resultados excelentes. Detalhe: na ocasião, o grupo que agora está na oposição ditava as normas na Ponte Preta. Tempos de presidência de Márcio Della Volpe. Ou seja, o expediente dá resultado. Fato.

E por que dá resultado? Ora, muito simples: o perfil social do torcedor da Ponte Preta é de uma torcida formada majoritariamente pelas classes C,D e E. Ou seja, gente que ganha 1 ou 2 salários minimos. Para essa gente qualquer centavo no final do mes faz muita diferença. E ela precisa encontrar-se dentro do estádio e participar. Como sempre foi.

Além disso, um comportamento foi detonado a partir da instalação do programa de Sócio Torcedor. E quero falar isso com toda a delicadeza.

Mesmo sem essa intenção, no seu auge de funcionamento, os participantes do programa de Sócio Torcedor funcionavam como uma casta dentro da torcida pontepretana.

Pior: alguns deles se sentiam superiores apenas e tão somente pelo fato de estarem pagando um programa de fidelidade. Ou seja, tínhamos duas classes de torcedores: aqueles que pagavam e se sentiam no direito de reivindicar as premissas do programa e o que o torcedor pobre, excluido e que ficava com o radinho ou celular para acompanhar os jogos da Macaca. O bolso vazio na visão de muitos sócios torcedores  transformavam o seu semelhante em um torcedor de segunda classe.

Pois a promoção de ingressos pode oferecer uma chance única de mudar o conceito do programa de sócio torcedor.

Ele pode e até deve continuar, mas os seus participantes precisam colocar na cabeça um conceito : ele deve pagar a mensalidade não para desfrutar de luxos, regalias ou para fazer parte de um clube fechado e sim para a ajudar que a sua comunidade permaneça forte e seja saúdavel não só financeiramente como esportivamente.

Afinal de contas, do que adianta estufar o peito e dizer em alto e bom que participa do programa de Sócio Torcedor e precisar conviver com um estádio vazio? E isso já aconteceu diversas vezes na história da Ponte Preta.

Um fato é inequívoco: a Ponte Preta nasceu, cresceu e vive para ser um clube para todos, independente de classe social e econômica. A promoção de ingressos é a comprovação de que outro caminho pode ser buscado. Que inclua todos. Sem distinção. Porque isso é Ponte Preta.

(Elias Aredes )