Tentaram apagar a presença de Marco Eberlim no debate público da Ponte Preta. A Justiça recolocou!

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A decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo recolocou na pauta da Ponte Preta o nome de Marco Antonio Eberlim. Autor da ação que anulou os efeitos da assembleia de sócios realizada em 2009, o ex-diretor de futebol vive um exílio promovido por dirigentes e até por alguns setores da imprensa. Acusações? Existe uma executada pelo Conselho Deliberativo em relação a transação de Mineiro e que resultou em sua expulsão do quadro de sócios.

Até hoje existem  evidências que o direito de defesa amplo e irrestrito não lhe foi concedido, além do bloqueio de apresentação de contra provas. Como na caneta não deu certo o extermínio do oponente, o jeito foi combinar um silêncio sepulcral. Ninguém mais falou em seu nome. Para o bem e mal.

Têm inimigos. Apesar dos resultados satisfatórios, o seu estilo antipático, autoritário, imperial para tomar decisões no departamento de futebol gerou insatisfações, apesar do reconhecimento de gente da bola. Oswaldo Alvarez, atual técnico da Seleção Feminina de Futebol, sempre que é inquirido, nunca deixa de reconhecer a capacidade de gestão de Eberlim, especialmente na administração de 30 atletas sedentos por ego e espaço. Sua relutância em dividir o poder no poder gerou magoas. Inclusive com Sérgio Carnielli. Pagou o preço.

Interessante é verificar a incoerência no discurso. Concordo que o estilo de visão de futebol de Eberlim não traz sorrisos. Durante os nove anos em que regeu o futebol do Majestoso, não eram poucas as vezes que o torcedor saía aborrecido. Não suportava a retranca, o excesso de volantes, a pouca imaginação do time titular e o leque pequeno de treinadores contratados. Não há como discordar de tal diagnóstico, apesar de resultados claros e cristalinos, como os acessos obtidos em nível estadual e nacional e o ano de 2001, quando ficou entre os quatro melhores do Paulistão e da Copa do Brasil. Eberlim  teve fracassos, dissabores, decepções e erros de contratações. Autorizou a chegada de Zetti, e  esteve por cinco jogos e não obteve nenhuma vitória.

Os defeitos de Eberlim são reconhecidos e detectados por qualquer um que conheça futebol. Fica a pergunta: quem tem moral para bloquear a presença de seu nome no debate da opinião pública da Ponte Preta?

Ex-dirigentes conversam comigo e fazem muxoxo ao citar o nome do ex-diretor. Só que essas mesmas pessoas esquecem que após a saída de Eberlim, a Macaca amargou três rebaixamentos em Campeonatos Brasileiros, em 2006, 2013 e no ano passado. Todos ficaram paralisados e não tomaram qualquer providência para evitar a montanha de dinheiro aplicada por Sérgio Carnielli de 2007 a 2010. Qual foi o resultado? Zero, zero, zero.

Nós da imprensa também somos culpados. Desaparecemos com Eberlim do noticiário, mas somos incapazes de conduzir um debate qualificado para forçar a Ponte Preta a melhorar a sua situação no departamento de futebol. Entrar para valer no Século 21. Motivo: o atraso pontepretano esconde nossa incompetência.

Não vou esticar o assunto. Dou a palavra ao ex-jogador Juninho Pernambucano que disse o seguinte em entrevista ao El País. “(…)Grande parte da imprensa joga contra a evolução do futebol. Eles [jornalistas] precisam da gente, os ex-jogadores, para complementar o que não conseguem enxergar. Fui censurado na Globo por denunciar que tinha setorista vendido, que se envolve com sacanagem. É o setorista que pauta o noticiário, porque cobre de perto os jogos e treinamentos. Quando ele se prostitui, fode o ambiente no clube. É preciso combater o que tá errado lá embaixo na cadeia de produção do jornalismo para pautar coisas mais sérias”.

E ele falou mais: “Quando fui pra imprensa, me assustei com o desconhecimento generalizado. O futebol mudou muito. Chegaram a ciência, a nutrição, a psicologia, a análise de desempenho… Hoje o jogador corre muito mais, tem mais músculos, reage mais rápido. O espaço no campo ficou reduzido. Só que a imprensa ainda não entendeu essa evolução. Ela se agarra ao saudosismo: “Ah, mas no tempo de fulano era assim”. Não são todos, mas a maioria dos jornalistas desconhece o jogo”. Não preciso falar mais nada.Aliás, preciso: luto todos os dias para amenizar minha deficiência em relação conhecimento do futebol e sua nova roupagem. E que recebo como resposta da minha categoria? Desprezo.

Em resumo, o “sumiço de Eberlim não tem somente conotação política. Serve para jamais o torcedor fazer qualquer tipo de comparação e chegar a conclusão que aquilo que é entregue por todos os dirigentes da Macaca desde 2007 está muito aquém do ideal e que nós, jornalistas esportivos campineiros paramos no tempo. Muitos não desejam se reciclar. A vaidade impede. Nós, cronistas esportivos de Campinas, nos consideramos perfeitos. Infalíveis. Mas no fundo escondemos a nossa pobreza de conteúdo e incapacidade de propor algo novo. O reaparecimento de Eberlim iria escancarar a debilidade.

Conclusão: apesar de seus defeitos, contradições e fracassos, o nome de Eberlim suscita o aparecimento da verdade e do atraso intelectual e de conteúdo para dirigentes e jornalistas. E isso ninguém quer.

(análise feita por Elias Aredes Junior)

2 Comentários

  1. Eberlim foi um dos melhores diretores que já tivemos,mais um que foi chutado e acusado por situações que nunca foram realmente esclarecidas, independente de ser antipático ou autoritário,mas colocava ordem no recinto e éramos respeitados, hoje somos chacota em todo lugar, essa corja conseguiu nivelar a gente com o timinho da vala leiloada !! ….bons tempos em que tínhamos verdadeiros diretores …aliás quem são os diretores hoje ?…vai saber