Convencer uma criança a torcer por Ponte Preta e Guarani. Uma missão cada vez mais díficil

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Não existe momento mais emocionante na vida de qualquer pessoa do que o nascimento ou adoção de uma criança. A perspectiva de interferir na formação de um cidadão e o estabelecimento de um objetivo de vida é uma das forças que fazem muitos acordarem logo de manhã para lutar pelo pão de cada dia.

Em dado instante, algo aparece : o time para o qual a menino ou a menina vai torcer. Você compra apetrechos, leva ao estádio, assiste aos jogos juntos e explica de maneira pormenorizada que os atletas do seu time são craques e os do oponente não passam de cabeças de bagres. Ponte Preta e Guarani ajudam suas comunidades nesta tarefa? A resposta é um rotundo não.

Não enumerem o argumento sobre a ascendência dos clubes europeus e das potências do futebol brasileiro. Não cola.

Torcer por um clube de futebol vai muito além de troféus, comemorações e galeria lotada. Tem relação com sentimento, construção de lances históricos e principalmente a manutenção do amor germinado. Sensação de evolução tem grande parcela de colaboração. Afeto também colabora. Clubes como o Brasil de Pelotas não tem uma vasto portifólio de troféus, mas tem seguidores fanáticos. Que passa de pai para filho.

A criança saber que o time que ela escolheu tem um estádio e CT´s modernos, consegue revelar jogadores de qualidade e surge  em instantes decisivos das competições são motivos suficientes para deixar a timidez de lado e envergar a camisa pelas ruas ou na sala de aula.

E o que Ponte Preta e Guarani ofereceram nos últimos anos? Espasmos de alegria e sofrimento constante.

Na Ponte Preta, dois acessos, em 2011 e 2014, a chegada em duas decisões de Paulista (2008 e 2017) e de uma Sul-Americana não esconde os inúmeros casos de incompetência na contratação de atletas, campanhas decepcionantes em torneios estaduais e nacionais e uma guerra política que retirou a identidade de um clube de massa, popular. Como convencer uma criança neste mar de terror?

O Guarani não fica atrás. Dos nove rebaixamentos nem precisamos falar. Nem constantes trocas de presidentes dos últimos anos. Se o time hoje é um cartão de visitas para atrair crianças e desligados do futebol é porque Umberto Louzer e Luciano Dias conseguem blindar o elenco dos fatos vitaminados por vaidade e prepotência que ocorrem nos bastidores. Mas um dia isso irá desabar, sumir, desaparecer. O que vai sobrar? A criança terá orgulho de defender tal legado.

Não adianta cobrar dos pais para lutar para que suas crianças sejam bugrinas e pontepretanos se os próprios não cumprem suas tarefas. Decepcionante.

(análise feita por Elias Aredes Junior)