Torcedoras bugrinas vão à luta contra o machismo nos estádios

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Apesar de encontrar-se excluída das arquibancadas para o dérbi programado para sábado, às 16h30, no estádio Moisés Lucarelli, torcedoras do Guarani não desgrudam de um objetivo central, a luta contra o machismo nas arquibancadas.

Um coletivo intitulado “Bugrinas em Ação” deu o passo inicial no confronto com o Atlético-GO quando distribuíram panfletos aos torcedores com recomendações e informações sobre comportamentos machistas e como encaminhar denúncias. “É preciso quebrar esse comportamento. Existe muito machismo no futebol”, afirmou a vendedora Natália Moreira, 28 anos e que faz parte do Bugrinas em Ação, grupo responsável pela atividade.

Ela conta que teve a ideia da distribuição dos panfletos junto com a estudante de Letras, Flávia Vasconcelos, 22 anos. “As ações sociais a torcida já aceitam. Esperamos que elas fiquem integradas na luta por machismo”, disse Nathália. “Só vamos parar quando isso (o machismo) diminuir”, afirmam. Natália afirmou que a meta é viabilizar um posto da Delegacia da Mulher dentro do Estádio Brinco de Ouro nos dias de jogos para combater o assédio e outros tipos de crime contra as mulheres.

O sucesso da atividade foi antecedido de um intercâmbio para buscar novas ações e foi a partir de um exemplo visto de torcedoras vascaínas que nasceu a intenção de distribuir os panfletos na porta do Brinco de Ouro.

Foram distribuídos 300 exemplares, mas a ideia é espalhar tal material em todos os jogos realizados em Campinas e nos principais pontos do centro.

Ela afirma que as ações conjunta podem ser intensificadas até porque no ano passado, representantes de torcedoras do Guarani e da Ponte Preta participaram do encontro “Mulheres de Arquibancadas”, realizado no Museu do Futebol.

Apesar de colocar-se contrária a instituição de torcida única, Nathália não deixa de enfatizar o quanto a violência no futebol toca e influencia na vida da mulher que decide abraçar um time. “A violência toca na mulher quando o filho sai para ver um jogo, quando um rival te xinga e inclusive citam seu nome. Atinge em tudo quanto é ponto”, completou.

No treinamento realizado ontem à tarde, a diretoria do Guarani resolveu abrir os portões para os torcedores acompanharem a atividade. A concentração dos jogadores começou nesta quinta-feira, dia 23.

CONFIRA A ÍNTEGRA DO MANIFESTO:

Quais as formas de machismo no futebol?

CUIDADO!

  • Dizer que mulher não entende de futebol;
  • Exigir algum tipo de “comprovação” de que ela realmente torce;
  • “Elogiar” a torcedora dizendo que ela torce como homem;
  • Falar sobre quantos homens a torcedora ficou/namorou;
  • Usar mulher como iscas para atrair homens para a festa da torcida ou evento do clube;
  • Cantar gritos de guerra com teor machista;
  • Usar palavras como “piranha”, “vadia” para ofender qualquer mulher em campo (jogadora, jornalista, bandeirinha…);

REAJA!

  • Chamar de “gostosa” quando a mulher passar;
  • Por o departamento feminino só para organizar festas e ações sociais da torcida;
  • Proibir mulher de tocar na bateria, carregar patrimônio;
  • Não permitir a participação da mulher em cargos de diretoria da torcida ou clube;
  • Gritar, xingar ou intimidar a torcedora;
  • Agir com intimidade sem permissão;
  • Proibir a namorada, mulher, irmã, filha de frequentar estádios;

DENUNCIE!

  • Ameaçar agredir ou matar a mulher caso a veja no estádio
  • Aproveitar a hora do gol para abusar fisicamente da torcedora;
  • Agarrar a mulher a força;
  • Agredir fisicamente;
  • Abusar sexualmente;

(texto e reportagem: Elias Aredes Junior – publicado no Jornal Todo Dia em 24/08/2018)