Tudo pela Ponte, nada da Ponte: o grande fato da Macaca em 2018

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Esqueçam a arrancada protagonizada por Gilson Kleina na Série B. Ou a conquista do Título do Interior sob o comando de João Brigatti. Não coloquem no pedestal supremo os quatro pontos somados nos derbis contra o Guarani. A principal noticia deste ano de 2018 na Macaca foi o ativismo político do grupo “Tudo pela Ponte, Nada da Ponte”.

Sente na cadeira, feche os olhos e acione a máquina do tempo. Desde que assumiu o poder, em 1996, o grupo político coordenado por Sérgio Carnielli fomentou dentro da torcida pontepretana uma espécie de divindade e infalibilidade administrativa. Não existia vida sem a presença do dirigente ou de seus aliados.

Tanto que os presidentes nomeados após o seu afastamento, de um jeito ou de outro, tiveram o seu aval: Márcio Della Volpe, Vanderlei Pereira e José Armando Abdalla Junior. De modo sincronizado, as reuniões do Conselho Deliberativo viravam monólogos de realizações do grupo.

Tanto que em determinada reunião, Carnielli, de acordo com o testemunho de muitos, chegou a dizer que “podia tudo” dentro da Ponte Preta. Como refletir, criticar e apontar erros em um clima de tamanho constrangimento? Não dava.

Eis que conselheiros e torcedores perceberam que ações isoladas não produziam nada. Só fagulhas. Entenderam que a união serviria, na pior das hipóteses, para demonstrar um pensamento divergente e que representasse o pensamento de boa parte das arquibancadas. Neste contexto, os mais de 120 integrantes conseguiram ser ouvidos pelo atual presidente, detonou um debate minimamente decente a respeito do orçamento e desnudaram o perfil único que reina no Majestoso há 22 anos.

Defeitos? Existem. Ainda não foi tirado um programa de governo sobre o que fazer com o clube após a saída total do grupo de Carnielli do poder. Não foi forjado um quadro minimamente antenado com as novas tendências reinantes no futebol nacional e que podem e devem ser aplicadas pelos clubes de médio e pequeno porte.

São pontos essenciais, mas que ficam em segundo plano diante grito de liberdade ecoado por pontepretanos que querem apenas interferir e ajudar na construção de uma nação forjada pelas suas próprias mãos. Uma obra de muitos, não de um mecenas ou de um homem só.

(análise feita por Elias Aredes Junior)