Um aviso às autoridades públicas de Campinas e de São Paulo: torcedor de futebol não é cidadão de segunda classe!

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Dia após dia chegam denuncias de atos de excesso da Política Militar  contra torcedores nos estádios de Campinas.

Não há perfil de vitima.

Basta vestir a camisa do clube do seu coração que tudo pode acontecer. Inclusive o pior: agressão física. A preocupação da vez fica por conta de um torcedor que denunciou ter sido agredido por PM´s no duelo contra o Coritiba. O pontepretano também tem várias histórias para contar. Com desfecho amargo.

As histórias não escondem um fato vergonhoso: as autoridades públicas emitem sinais de que o torcedor de futebol é um cidadão de segunda classe e está associada a violência. Puro equivoco, tipico de quem se deixa levar por análises rasas.

Detalhe: não culpo totalmente a Polícia. Nós, da imprensa esportiva, temos parte de culpa.

Nos últimos 20 anos, ao invés de tratarmos as Torcidas Organizadas e os torcedores comuns como parte integrante de um movimento de massa, com suas características, pontos específicos e perfis sociais distintos decidimos apoiar entusiasticamente a criminalização do torcedor e a consequente elitização.

Que existem pessoas delinquentes sim senhor, mas se constituem em uma minoria. Percentual de 6%, de acordo com pesquisas do sociólogo Mauricio Murad, especializado em violência no futebol. O correto seria tirar essas pessoas do convívio das Organizadas, puni-las e tratar os torcedores com respeito.

O que acontece? Dia e noite, noite e dia, jornalistas afirmam que os integrantes de Torcida Organizada são bandidos, mal intencionados e os torcedores comuns são dotados de posturas equivocadas ou até são cumplices das organizadas.

Certamente esse clima desfavorável colabora e muito para que a Polícia Militar adote atitude equivocada nas arquibancadas e considere que a solução seja trancafiar as organizadas em um espaço.

Enquanto jornalistas e a cúpula de segurança ignorarem estudos acadêmicos que mostram o caminho para tratar o torcedor de modo decente fatos como ocorreram no Brinco de Ouro e que já aconteceram no Majestoso ficarão cada vez mais comuns.

(análise feita por Elias Aredes Junior)