Um conselho da Ofélia para o presidente da Ponte Preta, Vanderlei Pereira: Só abra a boca quando tiver certeza!

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Estadistas são aqueles capazes de entender os novos tempos. Adaptar-se as  conjunturas e desafios. Ter o discernimento de apresentar conceitos relevantes. Acrescentar conteúdo ao debate. O presidente da Ponte Preta, Vanderlei Pereira, tem uma característica interessante: é um dirigente quase mudo e monossilábico quando a tarefa é conversar com os torcedores pontepretanos e  veículos de comunicação de Campinas. Já na capital, o dirigente emite sorrisos, falação e um conceito equivocado atrás do outro.

Vou relembrar três episódios para comprovar sua incapacidade para detectar o poder destruidor de uma frase mal colocada. Ou a urgência em adotar como mantra de vida o bordão da Ofélia, personagem dos programas “Planeta dos Homens” e “Zorra Total” e eternizado pelas atrizes Sônia Mamede e Cláudia Rodrigues: “Eu só abro a boca quando tenho certeza!”. Que fique claro: adote o bordão e não as características da personagem.

Em entrevista a Fox Sports, o presidente Ponte Preta encheu o peito para celebrar a contratação de Julio Vitor, então com 15 anos, junto ao Rio Branco de Americana. Afirmou que seria um “novo Neymar”. Involuntariamente, a pressão produzida sobre o garoto foi absurda. Precisava? Não. Mais: tentar desmentir posteriormente a declaração só produziu estragos.

Estragos presentes após suas declarações à ESPN Brasil sobre a negociação com William Pottker. Passou dias e dias com Lucca a tiracolo e com convicção dos deuses de que o artilheiro do brasileirão de 2014 não sairia do Majestoso ou que não tinha relação com a chegada dos atletas de Parque São Jorge. Eis que na entrevista ele confirma o negócio, os valores e o empréstimo. Pense. Reflita: não ficou feio para o presidente pontepretano?

O pior ainda estava por vir. Uma reportagem no portal Terra contém uma declaração responsável por detonar um espiral de revolta no torcedor da Macaca: o desejo de Vanderlei Pereira em querer o retorno do Dérbi. Seria contraproducente este jornalista ser contra o retorno do clássico em virtude do nome do portal. Só que minha análise vai por outro ângulo: a exibição de desconexão política de Vanderlei Pereira em relação a sua situação  perante a torcida.

Perceba: políticos com taxas de popularidade abaixo da critica nunca se metem em declarações polêmicas ou dão munição para serem detonadas em médio e longo prazo. Seu foco é na realização de obras, feitos e projetos para servir como vitrine da administração e reversão das expectativas. As entrevistas são em cima destes temas. Polêmica? Evitar a todo custo.

Vanderlei Pereira toma o caminho contrário. Parece ter dificuldade em entender sua impopularidade na torcida da Ponte Preta. Que não se conforma com sua mudez em instantes emblemáticos do clube e a autorização para atitudes que comprovem a falta de ambição da atual diretoria. Um dirigente que obteve algo incrível: transformou um oitavo lugar no Brasileirão em um catástrofe de dimensões épicas. Por que? Fala demais quando é desnecessário e se recolhe quando a presença de um estadista é urgente.

Vanderlei Pereira, Sérgio Carnielli e toda a diretoria pontepretana deveriam entender que um dirigente de futebol é, antes de tudo, um vendedor de esperança. Alguém que nos piores instantes sabe detectar o sentimento de revolta nas arquibancadas e se comprometer com a mudança de paradigmas. Mário Celso Petraglia entrou para a história do Atlético Paranaense não porque foi campeão brasileiro de 2001 ou disputou final de Copa Libertadores em 2005, mas também pelo fato de que quando o Furacão perdeu para o Coritiba de goleada em pleno estádio Joaquim Américo – agora Arena Baixada- prometeu que o clube seria diferente e ultrapassaria o rival. Deu no que deu.

Atual prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil superou o legado do pai, Elias Kalil ao propagar dia e noite, noite e dia a sua obsessão por títulos para o Galo. Tomou uma goleada do Cruzeiro por 6 a 1 em 2011. Arregaçou as mangas e trabalhou. Faturou Libertadores e Copa do Brasil. Entrou para a história.

Vanderlei Pereira é reconhecidamente honesto, trabalhador e administrador nato. Mas não adianta compreender e ser uma fera nos números, planilhas e calculadoras e desconhecer a alma, o sofrimento e a angústia do torcedor da Macaca. Sem vender esperança e compreender as arquibancadas, a tendência é que Vanderlei Pereira se transformem apenas em registro nos livros de históricos, mas sem nada relevante para contar.

(análise feita por Elias Aredes Junior)

2 Comentários

  1. Parabens Elias , voce colocou no papel o que toda coletividade pontepretana, pensa, me melhor ter um burro que não entenda muito de numeros, fo que ter uma Anta, que so fala besterias.

  2. Muito mimimi… Sou fanatico pela Ponte. Nem verde uso… Mas, sinto falta do derbi. Gostei da sinceridade do presidente.
    Alias, nao foi o presidente da Ponte q escalou FF e Clayson durante quase todo o campeonato.
    Menos mimimi