Uma dica para Tiãozinho: um presidente indeciso e que fica mudo perante a sua torcida não entra na porta da frente da história

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Quem assume o cargo de presidente da Ponte Preta recebe bônus. O primeiro é o de entrar para história. Ficar com seu nome fixado na galeria daqueles que conduziram um clube popular e centenário. Ter relatos para repassar aos filhos e netos. O outro benefício é realizar um sonho de criança, a de viver os bastidores de um esporte apaixonante como o futebol. Para o lado positivo e negativo.

O ônus vem no pacote. Obrigatoriedade de buscar vitórias, disputar títulos, revelar jogadores, deixar as contas em dia e colocar-se a disposição dos conselheiros para esclarecimentos. Sebastião Arcanjo, o Tiãozinho vive esses instantes  na sua plenitude. Deveria entender que cada time tem sua característica. Determinada torcida tem sua maneira de agir e enxergar o futebol. Se Tiãozinho é um dirigente impopular é pela ausência de dois verbos no seu cotidiano presidencial: falar e agir.

Quando me refiro ao ato de  falar não há relação com vida privada de Tiãozinho e sim no debate de opinião pública. O torcedor da Ponte Preta gosta e quer um presidente que fale. Aliás, que os dirigentes apareçam.  Que converse costumeiramente com a opinião pública. Que seja capaz de participar de entrevistas com veículos de comunicação e até por transmissões ao vivo nas redes sociais. Quando? Nos instantes delicados com certeza. Na atualidade, pelo menos em todo pós jogo no Majestoso. É o mínimo.

A Macaca tem uma vitória em 13 rodadas e Tiãozinho só teve uma entrevista coletiva feita recentemente. É pouco. Quase nada. Especialmente quando o time está na zona do rebaixamento. A prestação de contas tem que ser constante e linear. Sem medo de cara feia.

Quem fala precisa agir. Rápido. Sem pestanejar. Em conversas com fontes e colegas de profissão, a descrição é a mesma do modus operandi do atual presidente: muitos encontros, conversas, reuniões, troca de ideias, sorrisos, camaradagem, decisão na sua mão e a resolução demorada para acontecer.

Centralizar e deixar de decidir de modo rápido não dá.

No futebol, uma hora equivale a um dia; As 24 horas tem o peso de uma semana inteira; sete dias equivalem a mês e 30 dias podem transmitir a sensação de um ano. Ficar indeciso, titubeante para tomar uma decisão pode ser a diferença entre ficar na Série B ou viver o inferno da terceirona nacional.

Quer ficar com Kleina? Quer demiti-lo? Revolucionar o departamento de futebol profissional? Contratar jogadores? Dispensar.  Então faça. Tome uma atitude. Utilize a prerrogativa presidencial. Tenha autoridade. Que é bem diferente de autoritarismo. Ouvir, ouvir e não decidir é querer ser atropelado pela história.

Democracia é bom. É ótima. Especialmente na vida em sociedade. Só que no futebol, a delegação em excesso é o passo inicial da paralisia. Tiãozinho: Fale. Decida. É o que deve fazer quem ocupa a presidência da Ponte Preta e deseja entrar pela porta da frente da história.

(Elias Aredes Junior com foto de Alvaro Junior-Pontepress)