Da liderança a luta contra o Z4: como o racha interno fez o Guarani despencar na tabela da Série B

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Durou pouco a lua de mel do Guarani com sua torcida em 2017. Antes considerado um forte representante para lutar pelo acesso na Série B, o Bugre agora convive com protestos, críticas ao Conselho de Administração e até pedido por demissão de Marcelo Cabo. Dois meses foram suficientes para a maré virar e mergulhar a equipe na má fase.

No dia 15 de julho, a equipe comandada por Vadão encarava o América-MG em uma espécie de ‘final antecipada’ e briga direta pela ponta da Série B. O destemido Internacional havia fico para trás na tabela e a motivação do grupo era maior com a chegada do então reforço Rafael Silva. O empate sem gols, mas com muita produtividade ofensiva do time campineiro, fez torcida, elenco e diretoria comemorarem o resultado, Mal sabiam que ali começaria uma transformação radical do cenário bugrino.

Desde então o Guarani disputou treze jogos e venceu apenas um – diante do Santa Cruz, por 2 a 0, no Brinco de Ouro. A equipe deixou o segundo lugar e despencou para a 13ª posição. Estava a quatro pontos do então líder América-MG, mas hoje está a quatro do Figueirense, primeiro time dentro da zona de rebaixamento. Foram 8 pontos conquistados dos 39 disputados.

Os resultados dentro de campo refletiam a bagunça dentro do Conselho de Administração do Guarani. O técnico Vadão, com 204 jogos dirigindo o Bugre, foi demitido via imprensa. Assumiu Marcelo Cabo, que já estava apalavrado antes da saída do antigo técnico, e as críticas só aumentaram. Empatou com o Vila Nova sem gols em casa, sofreu um gol no último minuto na partida contra o Boa Esporte, foi goleado em casa para o Paraná por 4 a 0 e perdeu de virada para o Paysandu.

A pressão cresceu tanto que o discurso do presidente Palmeron que Cabo ficaria até o final do ano independente dos resultados durou apenas nove dias. Em ato que gerou constrangimento interno, o dirigente disse ao GloboEsporte e também a TV Bandeirantes Campinas que “treinador vive de resultados” e qualquer placar que não for a vitória diante do Criciúma, sábado, no Brinco, resultará na saída da atual comissão técnica.

Premeditado e previsível. A torcida já se posicionou contrariamente a permanência de Cabo e a pressão no jogo de sábado promete ser grande na vitória ou na derrota. Sustentar o trabalho do atual treinador parece uma missão praticamente impossível para Palmeron. Conselheiros já querem trabalhar para encontrar o substituto ideal. Luciano Dias não quer trocar o papel de coordenador e voltar ao banco de reservas. Umberto Louzer, auxiliar fixo do clube, é uma real possibilidade. Mas existe a ala que defende um treinador experiente para sacudir o vestiário e por isso o nome de Lisca foi articulado.

O Guarani está dividido internamente. São sete opiniões divergentes dentro do Conselho de Administração. O elenco já realizou três reuniões isoladas da comissão técnica para tentar salvar o time de um possível rebaixamento. E a comissão técnica se enxerga cada vez mais em uma rua sem saída decepcionada com a falta de respaldo para o trabalho. Cabo chegou com a garantia de que teria suporte com seu sistema ofensivo, mas agora o esquema pode se tornar justificativa para sua saída.

O ambiente conturbado é selado pela pressão da torcida bugrina. Após o jogo contra o Paraná, o diretor Anaílson Neves foi o principal alvo dos torcedores na porta do estádio. Dias depois um novo encontro entre organizados, diretoria e elenco deixaram o clima tenso. A alta cúpula quer acabar com as fofocas nos corredores e a outra parte quer uma voz mais ativa – até mesmo cogitaram apoiar a volta de Horley Senna, que foi isolado por Palmeron.

(texto e reportagem: Júlio Nascimento)