Finalista da Copa Libertadores da América, o Lanus já esteve no caminho da Ponte Preta. Levantou o troféu em La Fortaleza e conquistou a Copa Sul-Americana diante da Macaca, hoje preocupada com a possibilidade de queda.
Nos últimos três anos, as duas equipes percorreram caminhos distintos. A equipe argentina firmou-se como competitiva e capaz de conquistar títulos enquanto que a alvinegra padece de estabilidade no planejamento do seu departamento de futebol.
Uma pesquisa realizada constata a decepção vivida pelo torcedor pontepretano, especialmente porque o time argentino comprova de que era possível fazer mais e melhor em Campinas.
Lanús é sediado no município de mesmo nome com 212.152 habitantes e a agremiação tem 102 de existência. Assim como no Brasil, precisa conviver com o orçamento imposto pela televisão. Na Argentina, as emissoras distribuem, pelos números de 2016, de acordo com o site futebol latino, um total R$ 348 milhões sendo que Boca e River levavam juntos R$ 44 milhões.
Racing, San Lorenzo, Independiente e Velez ficaram com R$ 16 milhões e o Lanús entrou no grupo com 24 times com direito a levar R$ 10 milhões para a disputa da temporada. A finalista da Copa Libertadores fica com 2,87% do total.
No Brasil, a Ponte Preta, de acordo com declarações do próprio presidente Vanderlei Pereira fica com aproximadamente R$ 29 milhões. No total, a Rede Globo, responsável pelo pagamento dos direitos de transmissão, encaminha R$ 1,210 bilhão aos 20 integrantes da divisão de elite. A Macaca ficou em 2016 com 2,39% do total. O Lanús leva proporcionalmente uma quantia maior? Nem tanto. A diferença percentual é mínima.
Ou seja, guardadas as características de cada país e do seu respectivo campeonato, tanto Lanús como Ponte Preta encararam a partir de 2014 dificuldades para se firmar no cenário nacional. Um detalhe: na Argentina, o rebaixamento ocorre pela média dos últimos três campeonatos, o que permite recuperação e automaticamente preservação dos gigantes.
A partir de 2014 o Lanús teve bons resultados. No campeonato argentino disputado até maio de 2014, o Lanús ficou na nona colocação com 28 pontos em 19 confrontos. Posteriormente, no Apertura disputado de agosto a dezembro, a equipe cravou 52 pontos e ficou na terceira posição. O Racing foi o vencedor com 65 pontos.
Para 2015, a AFA realizou a temporada de fevereiro a novembro e o Lanus teve atuação decepcionante pois ficou na décima quarta colocação com 39 pontos em 29 jogos, primeira edição do torneio nacional com 30 clubes. No ano seguinte, a AFA fez nova edição compacta e o Lanús não decepcionou. Após ser o melhor time da primeira fase (com duas chaves de 15 times cada um), disputou a final com o San Lorenzo e sagrou-se campeão ao ganhar por 4 a 0.
O arranjo foi adotado para o calendário ficar adequado ao do continente europeu. Na edição 2016-2017, o finalista da Libertadores ficou na oitava colocação com 50 pontos ganhos e na atual competição está na décima posição com 12 pontos em sete jogos disputados.
O Lanus disputou a Copa Sul-Americana em duas oportunidades. Voltou como campeão em 2014 e entrou a partir das oitavas de final e foi eliminado pelo Cerro Porteno após perder um jogo por 2 a 1 e empatar outro por 1 a 1. Dois anos depois, a equipe retornou e caiu na segunda fase ao perder do Independiente por 1 a 0 e 2 a 0.
Antes de desembarcar na decisão da atual Libertadores, após vencer a Sul-Americana de 2013, apenas em 2014 a Libertadores sentiu sua presença. Após passar pelo Caracas na pré-Libertadores e ser segundo colocado no grupo 3, ainda teve forças para ultrapassar o Santos Laguna do México, mas cair diante do Bolívar.
A Ponte Preta disputou a Série B de 2014 e terminou com o vice-campeonato. No ano seguinte, ficou na décima primeira posição com 51 pontos e no ano seguinte teve seu desempenho aprimorado, com 53 pontos. Neste ano, a Macaca está na zona do rebaixamento com 35 pontos e perde nos critérios de desempate para o Coritiba.
Em competições internacionais, a Alvinegra retornou na Copa Sul-Americana em 2015 e foi eliminado logo no confronto com a Chapecoense, após empate por 1 a 1 no Majestoso e derrota por 3 a 0 na Arena Condá. Neste ano, o desempenho foi melhor. Nos dois confrontos com Gimnasia y Esgrima, após empate sem gols em casa, a igualdade por 1 a 1 carimbou a classificação. Diante do Sol de América, dois triunfos: 1 a 0 em Campinas e 3 a 1 na casa do adversário. A participação acabou após os 180 minutos contra o Sport: derrota por 3 a 1 na Ilha do Retiro e vitória por 1 a 0 no estádio Moisés Lucarelli.
Se compararmos uma trajetória e outra, no final o torcedor da Ponte Preta ganha argumentos para reclamar. O Lanús comprova de que a Ponte Preta poderia fazer mais e melhor, apesar dos recursos escassos.
(análise, texto e reportagem: Elias Aredes Junior)