Guarani e uma pergunta incômoda: ninguém vai falar do fracasso na obtenção dos 50 pontos na Série B?

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Sou favorável ao posicionamento de dirigentes. Devem conversar com seus torcedores. Sempre. Omissão é pecado. Mas não adianta dar declarações sem que a atitude venha acompanhada de coerência e perspicácia sobre o fase vivenciada.

No Guarani, ninguém pode criticar o presidente Palmeron Mendes Filho por falta de posicionamento. Pelo contrário. Duro é quando ficou refém de suas próprias palavras. Querem uma prova? A declaração feita no dia 19 de setembro, minutos após a goleada sofrida diante do Paraná em pleno estádio Brinco de Ouro por 4 a 0. Além de bancar a permanência do então treinador Marcelo Cabo, sua obsessão foi transmitir segurança ao torcedor. Trocou os pés pelas mãos. “A campanha do Guarani não é desesperadora. O Guarani finaliza esse campeonato com pelo menos 50 pontos. Temos qualidade, equipe e jogadores para isso. Eu cravo, vamos atingir 50 pontos”, disse.

Ninguém precisa ser expert em futebol para chegar a duas conclusões. A primeira é que o Alviverde atingirá no máximo 47 pontos se vencer o Internacional no estádio do Beira-Rio. Ou seja, a meta não será atingida. E a campanha bugrina esteve longe de transmitir segurança. Foi desesperadora. Tanto que torcedores transformaram uma permanência melancólica, obtida em um empate sem gols diante do Luverdense, em uma celebração de conquista de Copa do Mundo. Tem algo errado neste roteiro.

A cena errática é a fissura dos dirigentes e até de uma parte (vou repetir: uma parte!) da torcida de não admitirem o quadro. O Guarani permaneceu, é verdade, mas só conseguiu tal feito porque um treinador demitido por telefone faturou 31 dos 44 pontos acumulados até o momento. E porque o Guarani foi beneficiado por uma conjuntura externa. Por problemas políticos e financeiros, o ABC já tinha certo “favoritismo” para ficar na mira da degola. Agora, quem poderia imaginar a crise técnica e financeira que assolou Náutico e Santa Cruz, equipes populares no nordeste e que já estiveram na divisão de elite? Vou além: quem poderia contar com a derrota do Luverdense em seus domínios para o Boa Esporte, o que na prática detonou suas possibilidades de permanência? A equipe mato-grossense , diga-se de passagem, sempre protagonizou campanhas seguras de manutenção. No ano passado ficou em nono lugar com 55 pontos. Em 2015 cravou  54 pontos e na décima posição. No ano da Copa do Mundo, em 2014, celebrou 50 pontos e a décima segunda posição. Convenhamos: o desempenho deste ano ficou fora da curva. Sorte e benção ao Guarani. E alivio ao presidente porque em conjuntura, a sua promessa poderia virar um enorme vexame.

Por todos estes fatores, ao olhar no passado, chega-se a conclusão de que o presidente bugrino cometeu um equívoco ao prometer 50 pontos para um time que já naquela oportunidade inspirava muito mais temor do que esperança. E que escapou sim em parte por méritos do técnico Lisca e dos jogadores, mas também pela incompetência dos concorrentes. Que a lição não seja esquecida.

(análise feita por Elias Aredes Junior)