Análise: Gustavo Bueno, Vanderlei Pereira e Sérgio Carnielli, os protagonistas da queda pontepretana

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Quando um time como a Ponte Preta cai para a Segunda Divisão, a irracionalidade toma conta do debate. Difícil estabelecer parâmetros e análises ponderadas sobre aquilo que aconteceu de péssimo e ruim. Por outro lado, é errado adotar a fulanização. Acreditar que apenas aquela pessoa foi responsável por tudo de negativo ocorrido. No entanto, também não dá para deixar de apontar os processos equivocados e seus protagonistas. Estes procedimentos têm responsáveis. E precisam entrar em reflexão para não produzirem novamente choro e ranger de dentes.

Gustavo Bueno tem sua cota no fracasso. Após viver um período de bonança, não comprovou capacidade para viver em época de escassez de recursos. Perdeu Clayson e William Pottker e, no máximo, ofereceu jogadores do quilate de Maranhão e Negueba. Sem contar a demora para tomar decisões que interferissem positivamente no clima do vestiário pontepretano.

Se sua aptidão é apenas administrativa, deveria cobrar a presença de um parceiro com capacidade para conduzir egos do porte de Emerson Sheik ou Renato Cajá. Mira sua política de contratações em jogadores já colocados na vitrine. Perdeu outros devido à concorrência. Infelizmente, não mostrou na Alvinegra a esperteza para dar o pulo do gato.

Exemplo prático: no ano passado, Pottker, Clayson, Felipe Azevedo, Roger e Rhayner davam boas alternativas táticas ao técnico Eduardo Baptista. Foram jogadores que atraíram a Macaca porque já estavam em projeção no mercado. Caso idêntico ao de Marllon, destaque com o Atlético-GO na Série B. O ideal é que a Ponte Preta garimpasse jogadores para que ela revelasse ao futebol. E o clube já fez isso. Em 2008, montou um time com desconhecidos na época, como Elias, Renato Cajá, Eduardo Arroz, entre outros. Por que a Macaca perdeu o bonde da história?

Bonde perdido pelo presidente Vanderlei Pereira, outro arquiteto da decepção. Ninguém nega suas qualidades como administrador. Nota 10. Deixa as contas da Ponte Preta em dia e evita loucuras fora da medida. Teve dificuldades porque não havia como antecipar as cotas de televisão. Ficou com as finanças amordaçadas. Mas, ao invés de explicar e tomar decisões que levassem a Alvinegra adquirir muito com pouco, o dirigente adotou o silencio e as planilhas. Não incentivou seus subordinados a ousarem, abraçarem a criatividade e seguirem um caminho mais talhado no futebol. Fazer muito com pouco. Esta deveria ser a norma.  É honesto? Inegável. Bem intencionado? Não há dúvida. Mas esclarecer, conversar, debater e ouvir os contrários são qualidades que ele não assegurou. A Macaca pagou o preço.

E o presidente de honra Sérgio Carnielli? Este é um mistério, especialmente por não ter utilizado sua experiência para evitar o pior. Carnielli, seja como presidente ou como comandante do grupo político, já tinha vivido dois rebaixamentos – 2006 e 2013. Conhecia os atalhos rumo ao abismo. Sabia que erros deveriam ser evitados. Sabia que a falta de convicção no futebol colhe dissabores. Por que não interferiu? Por que não usou sua caminhada na bola até para aconselhar e treinar dirigentes que estavam na linha de crítica da torcida como Hélio Kazuo? E se falou porque não aplicaram o receituário? Diga-se que bancou a chegada de Gilson Kleina, mas foi o único episódio conhecido que fez a diferença.

Não, os três personagens não são os únicos culpados. Só que podem conduzir um processo de redenção caso algumas características entrem em campo: humildade, sabedoria, contrição e serenidade.

Utilizar o ressentimento e o ódio só vai criar mais confusão.

(análise de Elias Aredes Junior)