Felippe Cardoso e sua ausência profunda na Ponte Preta

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O time da Ponte Preta não inspira confiança. Vive aos trancos e barrancos e o seu treinador, conhecido pela teimosia, não arranca suspiros das arquibancadas. Um quadro que já é ruim ficou ainda pior com a lesão muscular de Felipe Cardoso e que vai lhe tirar do gramado por duas semanas. Desfalque sério nos 90 minutos iniciais contra o Sampaio Côrrea pela Copa do Brasil.

Existem motivos práticos e subjetivos para lamentar sua ausência. Em um time que padece de força ofensiva, o centroavante era o mais lúcido da temporada. Não só pelos três gols que anotou, mas por sua atitude agressiva e destemida no gramado. Não é um camisa 9 estático, pronto para aproveitar o rebote que lhe aparece. É mais do que isso. Sabe executar jogadas pelos lados, entra em confronto físico com os zagueiros adversários e tem utilidade na bola aérea defensiva e ofensiva.

Sua ausência será ainda mais sentido pelo fato de Yuri ainda encontrar-se em processo de amadurecimento técnico, físico e tático. Tem potencial, mas não está pronto como Felipe Cardoso.

A lacuna deixada por Cardoso gera outro entrave. Juntamente com o goleiro Ivan, certamente era o jogador com maior identificação com a torcida. Apesar de um erro aqui e acolá, sua garra e dedicação faziam com que o torcedor pontepretano relevasse e o apoiasse incondicionalmente. Junte tal conjuntura em um time com um atacante experiente como Silvinho, que já perdeu o crédito junto aos torcedores, e um time titular que, apesar de toda entrega, não consegue trazer o torcedor para “dentro” do gramado.

Não é por culpa deles. Se é certo ou errado, o fato é que a maioria dos jogadores da Macaca são identificados pela torcida como a “cara” de uma fase obscura patrocinada pelo grupo político que se encontra no poder há 21 anos. E por que Ivan, Emerson e Felipe Cardoso não são atingidos? Por que representam aquilo que a Ponte Preta tem de melhor: a capacidade de revelar jogadores, de projetar talentos ao futebol brasileiro. Involuntariamente, serviam de escudo para aqueles que também, sem culpa nenhuma, representam uma fase aparentemente sem rumo da Alvinegra.

Felipe Cardoso fará falta. Dentro e fora de campo.

(texto: Elias Aredes Júnior/foto: Ponte Press)