Análise: Dirigentes querem faturar em cima do sucesso de Umberto Louzer no Guarani. Uma conversa para iludir inocentes

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Na última quinta-feira, acompanhei a entrevista do presidente do Guarani, Palmeron Mendes Filho, no período da manhã à Rádio Bandeirantes. Em determinado momento, ele disse que confiava no trabalho do técnico Umberto Louzer e que tal sentimento não seria abalado na A-2 ou com a instalação de parceiros para conduzirem o departamento de futebol.

Ao ouvir a frase confesso meu espanto. Especialmente como os dirigentes mudam de discurso subitamente e, por vezes, ignoram o saco de maldades imposto por eles no dia a dia.

Qualquer pessoa minimamente atualizada sobre o dia a dia do Guarani sabe que o técnico bugrino começou com a faca no pescoço. Ou o time rendia nas cinco primeiras rodadas ou a troca seria inevitável. Esqueceram que, após a derrota para o São Bernardo, a pressão subiu a níveis estratosféricos, assim como a obrigatoriedade de viabilizar uma vitória fora de casa. E que não venham fugir da raia neste momento. Pois quem criou este clima ao treinador não foi nenhum torcedor ou até gente da imprensa. Foram os componentes do Conselho de Administração.

Se fossem dotados de humildade, antes de iniciarem o ano, eles entrariam em contato com o responsável pelo futebol do Botafogo, Antônio Lopes, e conversariam com o veterano treinador para saber como apoiar e dar respaldo a um profissional em início de carreira. Ou alguém pensa que Jair Ventura decolou apenas por seus méritos?

Nada disso. Os dirigentes bugrinos ligaram o forno em fogo brando e esperavam o primeiro tropeço contundente para fazer a troca.

Apesar das falhas defensivas da equipe, Umberto Louzer deve ser parabenizado por sua capacidade de superação. Com trabalho, humildade e obstinação, soube driblar o discurso negativista a respeito do seu trabalho e, de quebra, conquistou os jogadores e uma parte relevante da torcida.

O time tem falhas? Precisa de acertos? Corre risco de nadar e nadar e morrer na praia? Evidente que sim.

Mas a capacidade de gerenciamento de Umberto Louzer não pode ser desprezada. Torcedor bugrino, não iluda: a boa campanha na Série A-2 é de responsabilidade da comissão técnica, dos jogadores e de Luciano Dias, que montou o time. De mais ninguém.

Quanto aos integrantes do Conselho de Administração, que tenham esgotado sua cota de trapalhadas e atos incompetentes. Você pode alegar que os dirigentes estão com salários em dia e isso dá tranquilidade aos boleiros. Pois eu digo que não fazem nada mais que a obrigação. Como não auxiliaram em nada Umberto Louzer nos instantes de instabilidade, que não atrapalhem na reta final. Já darão uma imensa contribuição.

(análise feita por Elias Aredes Junior)