O sucesso tem mães e pais. O fracasso é órfão. Nesta véspera de decidir a sua sorte na Série A-2 no Campeonato Paulista, alguns podem imaginar que os dirigentes e integrantes do Conselho de Administração possam ter relação com o sucesso e o profissionalismo de Umberto Louzer e seus comandados. Abordamos o tema em artigo anterior, mas nunca é demais relembrar: nada mais enganoso.
Para quem não se lembra, Fernando Diniz foi contratado e praticamente tinha o poder totalitário no departamento de futebol. Indicava contratações, definia esquema tático e estabelecia parâmetros. Até que o telefone do treinador tocou no dia 03 de janeiro e ele recebeu uma proposta irrecusável do Atlético-PR. Sairia do salário de R$ 30 mil no Alviverde para faturar R$ 240 mil em Curitiba.
Horas depois, a solução caseira foi anunciada: Umberto Louzer foi efetivado como técnico por Palmeron Mendes filho. Na época, nos bastidores, todos sabiam que o dirigente concedeu ao treinador cinco rodadas para que ele demonstrasse o seu trabalho. Caso contrário, iria procurar um novo profissional. Pressão mais avassaladora, impossível.
A diferença foi a postura dos atletas, capitaneados por Baraka, Fumagalli e William Rocha. Eles compraram a briga do treinador. Após uma derrota para o Oeste, um triunfo diante do Nacional e o tropeço contra o São Bernardo, o que se verificou foi a entrega total em busca do acesso. Apesar dos problemas táticos defensivos, a equipe abusava da criatividade, balançava as redes e subia degrau por degrau na classificação.
Êxito único e exclusivo dos jogadores, comissão técnica e do treinador. Os aplausos dos integrantes do Conselho de Administração após a vitória contra a Internacional de Limeira foi uma cortina de fumaça para esconder o óbvio: não veio qualquer ajuda dos gabinetes. Só das arquibancadas.
Alguns podem alegar: ah, mas o salário está em dia. Pois eu respondo: obrigação. Em contrapartida, as condições do Centro de Treinamento são inadequadas e o gramado do Brinco de Ouro está em condições bem inferiores ao que lhe foi entregue em 2014, quando recebeu a Nigéria para a disputa da Copa do Mundo. A desculpa, sempre esfarrapada, é de que esperam a resolução da juíza e do empresário Roberto Graziano.
Sorte do Guarani que tem hoje em suas fileiras jogadores de caráter e hombridade impecáveis e um treinador humilde, reto, decente, determinado a vencer na carreira e que sabe a importância de levar o Guarani á divisão de elite. Alívio para o clube por contar com alguém como Luciano Dias que, apesar de suas falhas ou equívocos, possa ter cometido é um sujeito que só faz bem ao futebol.
O Guarani vai buscar o acesso sem depender de um presidente que infelizmente não sabe assimilar críticas, trava o debate na opinião pública e e fica inconformado com qualquer tipo de cobrança. Lamentável que o Conselho de Administração conte com integrantes que ao invés de trabalharem pelo extermínio da desunião que arrebenta com o clube há décadas, prefere atacar profissionais de imprensa por aplicativos e redes sociais.
Independente do que acontecer, tanto Louzer como os jogadores mostram algo inequívoco: o Guarani é muito, mas muito maior que ambições vazias e uma sede de poder inconsequente.
Que o destino premie o esforço destes homens do gramado e do banco de reservas. E que a história demonstre por A mais B que aqueles que se vendem hoje como infalíveis, sem falhas e que desejam bajulação e tapinhas nas costas, na verdade quase colaboraram para estragar um sonho almejado.
Que uma multidão de bugrinos buscará a partir de sábado em Piracicaba.
(análise feita por Elias Aredes Junior)