Em um clássico, inúmeros jogadores que não são os maiores destaques costumam aparecer e decidir a partida. Foi isso que aconteceu com o argentino Darío Alberto Gigena, no dia 11 de outubro de 2003, no dérbi entre Guarani e Ponte Preta, no Brinco de Ouro, válido pela 36ª rodada do Campeonato Brasileiro daquela temporada.
O atacante, que havia chegado naquele ano à Macaca após passagens por Belgrano, Rayo Vallecano, Tallares e Colón, começou como titular do técnico Abel Braga e marcou três gols, garantindo a vitória da Alvinegra por 3 a 1, que ajudou o clube a dar um passo importante para se salvar do rebaixamento – objetivo atingindo ao final da competição.
Depois disso, o ídolo pontepretano saiu da equipe no final do ano e retornou em 2011 para o clube que se apaixonou e até hoje reverenciado pela torcida. Quem não se lembra das comemorações com a máscara de gorila? Aposentado, o atleta soma 14 gols em 23 jogos pela equipe. A identificação é tanta que até registrou em sua pele o amor pelo clube por meio de uma tatuagem de uma macaca nas costas, além de uma piscina com o escudo da Ponte, em sua residência na Argentina. No dia quatro de maio – véspera do clássico -, o argentino estará em Campinas para acompanhar o jogo.
Em entrevista exclusiva ao Só Dérbi, Gigena resgatou momentos históricos daquela partida. Confira!
Qual a importância que o dérbi de 2003 teve em sua carreira?
“Muito grande. A torcida da Ponte Preta tem um carinho muito grande por mim. Foi amor à primeira vista, como quando se apaixona por sua namorada pela primeira vez. Sinto muito saudade, é algo inexplicável, uma adrenalina muito diferente”.
Foi o clássico mais importante que já disputou?
“Sim, o dérbi mais importante que eu joguei, ao lado de Belgrano vs Talleres e Colón vs Unión. A rivalidade na Argentina também é grande. Outro clássico importante que participei foi na Colômbia, entre Once Caldas e Deportivo Pereira. Uma vez me perguntaram se jogaria no Guarani. Minha resposta sempre foi jamais. Até pelo carinho da torcida que me acolheu quando cheguei. Foi algo muito especial jogar com a camisa da Ponte. Não sei como explicar”.
Antes de chegar ao Brasil, você tinha noção da importância e dimensão de um dérbi?
“No primeiro dia em que cheguei ao estádio, Kiko, um dos diretores daquela época, me disse que o gringo teria que fazer gols e ganhar. A partir disso, entendi a importância do dérbi”.
Qual a sua relação atual com a torcida da Ponte Preta? Você acompanha os jogos e resultados? E o Guarani? É realmente o principal rival?
“Minha relação com a torcida é excelente. Estou em muitos grupos de Whats App. São mais de 40 em que vejo as notícias e o que está acontecendo no grupo. Agradeço pelo carinho de todos. O sentimento é recíproco. Até tatuei um macaco, com uma espada, em minhas costas”.
Os dérbis deste ano serão com torcida única. Queria que falasse sobre o sentimento de fazer três gols no Brinco de Ouro e a vibração com a torcida da Ponte Preta
“Jogar com uma torcida apenas perde o folclore do futebol. É triste isso. Fazer três gols na casa do rival é o mais lindo que poderia acontecer. A adrenalina é inexplicável. Ver a felicidade no rosto dos torcedores e abraçar cada um deles, festejando, foi único”.
Qual conselho você daria para quem vai jogar o clássico pela primeira vez?
“Que aproveitem o momento. É algo único e para jogar um dérbi é necessário ter coração e um plus. É mais do que uma partida”.
Técnica, preparo emocional ou superação? Qual requisito é indispensável para disputar e vencer um dérbi em Campinas?
“De tudo um pouco. Para se ganhar um dérbi é fundamental raça e coração”.
(texto e reportagem: Lucas Rossafa e Eduardo Martins)