O Guarani tem seis dias para treinar e estudar para o dérbi de sábado às 19h, no estádio Brinco de Ouro. Processo natural seria designar o Alviverde como favorito ao duelo. É só pegar fatos de curto e médio prazo. É o atual campeão da Série A-2, conta com atletas com poder de definição como Bruno Nazário e Bruno Mendes e a metodologia do técnico Umberto Louzer é conhecida.
O estádio estará coalhado de bugrinos e o adversário, mesmo se bater o Flamengo no meio de semana, vive um clima de desconfiança oriundo das arquibancadas. Pois digo sem medo de errar: nada mais enganoso.
Claro que tecnicamente o Alviverde tem trunfos. Tanto que as derrotas para Fortaleza e Atlético-GO foram vendidas de maneira bem cara.
Não falamos de um jogo qualquer. Não descrevemos um oponente frágil, sem histórico de rivalidade. Quem estará no outro lado do gramado é o rival preferencial. A Ponte Preta tem seu caminho umbilicalmente ligado ao Guarani e vice-versa.
Não é difícil imaginar os jogadores pontepretanos contaminados e incentivados pelo clima do jogo e com disposição de entregar a alma em campo. Não imagine tal roteiro com ares de ineditismo.
Basta relembrar que no dia 28 de outubro de 2002, diante de 16.384 pagantes, o Guarani saiu na frente com gols de Sérgio Alves e João Paulo e sofreu a virada no segundo tempo com os quatro gols pontepretanos que determinaram a quebra de um tabu de 15 anos sem vitórias da alvinegra.
Dez anos depois, exatamente neste dia 29 de abril, a Ponte saiu na frente com um gol de Caio e jogava melhor. Bem melhor. Pois veio o segundo tempo, o gol de Fábio Bahia, a aparição do herói improvável Medina e o placar de 3 a 1 levou a equipe à final do Paulistão.
Em 1995, dois dérbis foram disputados e tiveram idêntico roteiro: no primeiro turno, no Majestoso, em dois de abril, o Guarani abriu dois a zero com Djalminha e Amoroso e sofreu o empate com o atacante Gaúcho e Careca. Já no dia 07 de maio do mesmo ano, Djalminha e Fernando novamente abriram vantagem e Gaucho e Arnaldo balançaram as redes para a Macaca. Detalhe: nas duas oportunidades, o Guarani tinha superioridade técnica. Quando a bola rolou, a história foi diferente.
O estado emocional e o modo de encarar a partida vai determinar os rumos do derbi campineiro. Se o Alviverde colocar a humildade e o jogo coletivo no banco de reservas, poderá abrir espaço para uma surpresa desagradável. O dérbi não permite vacilos.
(análise feita por Elias Aredes Junior)