As demissões escancaram o que é a Ponte Preta: Sérgio Carnielli e dirigentes sempre ganham. Os outros é que são derrotados!

6
2.079 views

O roteiro parece combinado. Não muda nunca. A Ponte Preta oscila nas competições, as derrotas aparecem e o diretor de futebol e o treinador são colocados na cruz. Gustavo Bueno passou por tal calvário por quatro anos.

Agora, é a vez de Ronaldão. Dos treinadores nem preciso citar: Felipe Moreira, Gilson Kleina, Doriva, Guto Ferreira… uma hora ou outra todos entram na fila do paredão criado nas redes sociais. Invariavelmente não resistem, como comprova a demissão de Doriva e o afastamento de Ronaldão.

Calma, a incoerência não desembarcou neste site. Os personagens citados merecem – e mereceram – as criticas. Contratações equivocadas, esquemas táticos fora de prumo, ausência de modelo de jogo, estratégia, forma de jogar… Os erros são infinitos. Dou exemplo prático: na final contra o Corinthians pelo Paulistão, a decisão foi pela escalação de Fábio Ferreira, contumaz frequentador do mural de erros do futebol brasileiro. Deu no que deu. Derrota por 3 a 0 no Majestoso e fim do sonho do Campeonato Paulista. Ou seja, a incompetência não deixa de fincar raízes no Majestoso. Infelizmente.

Duro é constatar que na fissura de encontrar um vilão para tanta incoerência, alguns personagens são preservados por parte da torcida. Sim, é isso que você está pensando. Falo da diretoria executiva e do presidente de honra, Sérgio Carnielli.

Eles são responsáveis por definirem as diretrizes do clube. Se fosse uma empresa, José Armando Abdalla seria o CEO e o presidente de honra o comandante do Conselho de Administração. Pode até não mandar muita coisa, mas tem influência. Decisiva.

Como Abdalla está há seis meses no cargo, não há como culpá-lo de modo profundo. Quanto a Carnielli, é impossível fugir da constatação. Pergunto: nestes 21 anos que seu grupo político está no poder, quantas vezes Carnielli proferiu a seguinte frase: “Desculpe, eu errei”. Mais do que uma frase, seria a demonstração de uma prova de humanidade, de reconhecer que, assim como eu, você, qualquer um que está nesta ribalta da vida ficamos sujeitos a erros e equívocos. É nobre. É honroso.

Nada disso. De certa maneira, Carnielli fica em um pedestal virtual, orgulhoso de ter “salvado a Ponte Preta” e sabedor que na arena das redes sociais e das arquibancadas sempre haverá um diretor de futebol, um treinador, um dirigente pronto para ser devorado em seu lugar pelos leões. Enquanto isso, ele fica em seu escritório e satisfeito porque sempre existirá alguém pronto para defende-lo. Até com a própria vida.

A dignidade não é apenas acordar cedo e batalhar pelo pão. Ou proporcionar alivio ao sofrimento alheio pelo seu empreendedorismo. É especialmente saber que qualquer trabalho, qualquer um, é fruto de uma ação coletiva e que em caso de fracasso todos devem desculpas.. Assim como no triunfo todos devem ser carregados em triunfo.

Na Ponte Preta, tudo é feito ao contrário. Qualquer chegada em final ou campanha gloriosa é creditada para Sérgio Carnielli, o homem que “tirou a Ponte Preta do buraco”. Todo e qualquer fracasso é creditado para subordinados que deveriam produzir mais e melhor, é verdade, mas não são os únicos responsáveis. Isso precisa mudar.

(análise feita por Elias Aredes Junior)